Táticas artísticas para subverter a necropolítica: percursos entre a necromaterialidade, a biomaterialidade e a produção do em-comum

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Fonseca Tovar, Jenny
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Art
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27160/tde-04032021-193236/
Resumo: Tendo como centro conceitual a noção de Necropolítica do autor camaronês Achille Mbembe, esta pesquisa visa responder como, através da arte, podem ser subvertidas, questionadas e/ou desestabilizadas políticas de morte que matam, silenciam, desmembram, massacram, desaparecem e/ou deixam morrer determinados corpos. Para responder a isso, esta pesquisa se localizou no atual contexto necropolítico colombiano denominado \"pós-conflito\", termo que se refere ao período após a assinatura dos Acordos de Paz, entre a guerrilha das FARC-EP e o governo Colombiano, em 2016. Especificamente, analisa duas oficinas-laboratório artísticas com caráter colaborativo e/ou coletivo convocadas e ativadas pela autora. A primeira localizou-se no centro histórico de Bogotá, onde atualmente opera uma necropolítica urbana que expulsa, oculta e mata corpos indesejáveis dentro da estética asséptica que esse setor da cidade busca. Essa experiência contou com a colaboração de três artistas, entre outros colaboradores, e resultou na açãointervenção intitulada \"Agente Laranja\". A segunda oficina-laboratório, chamada \"Corpos Cordilheira\", foi realizada com a colaboração do Comitê de Mulheres da Associação Camponesa de Inzá-Tierradentro, no estado de Cauca, que é o estado colombiano mais atingido pelo conflito armado, onde o fogo cruzado existe há mais de seis décadas; no entanto, essa organização social constrói um tecido comunitário que resiste à necropolítica e que salvaguarda as potências de vida. Para a análise e contextualização dessas experiências artísticas, além da noção de necropolítica de Achille Mbembe, foram utilizados outros conceitos, aqui denominados \"desdobramentos da necropolítica\": Devir Negro do Mundo, do mesmo autor; Império, de Antonio Negri e Michael Hardt; Capitalismo Gore e Sujeitos Endriagos, da mexicana Sayak Valencia; bem como as estratégias de resistência propostas por cada um desses autores: o Em-Comum, Multidão, Multidão Queer e, por outro lado, a Biopotência Coletiva e a Multidão Biopotente do autor Peter Pál Pelbart. Esta pesquisa conclui que um contexto necropolítico pode ser subvertido, através da arte, usando duas táticas: a primeira consiste em ativar metodologias artísticas colaborativas e/ou coletivas que produzam um em-comum, que consiste em uma espiral expansiva de relações não hierárquicas, que cria processos de reparação e que reúne diferenças; essas diferenças agem com base no em-comum e, ao mesmo tempo, produzem-no. A segunda tática para subverter a necropolítica consiste em que esse em-comum tem a potência de emanar, por um lado, necromaterialidades, cuja ativação sensível desafia a invisibilidade da necrofagia putrefata dos Estados necropolíticos; e, por outro lado, tem a potência de emanar biomaterialidades, subvertendo a necropolítica através da reafirmação da vida.