Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Agnollitto, Maria Izaura Sedoguti Scudeler |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-07022022-150515/
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Resumo: |
Introdução: O aumento da expectativa de vida, decorrente do desenvolvimento socioeconômico e avanços na medicina, tem levado ao rápido envelhecimento populacional em todo o mundo. O impacto desse processo sobre a saúde é observado no aumento de doenças crônico-degenerativas incluindo a demência, cuja principal etiologia é a Doença de Alzheimer (DA), uma alteração neurodegenerativa primária, progressiva e irreversível, que leva ao declínio cognitivo e funcional. Os principais marcadores fisiopatológicos são as placas amiloides extracelulares e os emaranhados neurofibrilares intracelulares que causam neurodegeneração. Estudos têm evidenciado a importância de alterações vasculares no estabelecimento da fisiopatologia, sendo que o exame de Imagem por Ressonância Magnética (IRM) do encéfalo pode fornecer dados relacionados tanto ao fluxo sanguíneo cerebral (FSC) quanto ao volume encefálico, podendo se tornar um importante biomarcador ao evidenciar alterações em fases precoces da DA, como na fase prodrômica de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL), permitindo melhor esclarecimento da fisiopatologia e estudo de novas terapias modificadoras da doença. Objetivo: Visto que a atrofia encefálica é um importante biomarcador de neurodegeneração na DA, o presente estudo foi realizado a fim de verificar a correlação entre atrofia e FSC nos pacientes com diagnóstico de CCL e DDA fase leve, com o objetivo de evidenciar se as alterações no FSC podem ser consideradas possíveis biomarcadores vasculares no diagnóstico do continnun da DA. Materiais e Métodos: Foram avaliados 42 idosos acima de 60 anos, sendo 11 voluntários saudáveis, 16 com diagnóstico de CCL e 15 com diagnóstico de DDA fase leve. Todos foram submetidos a avaliação neuropsicológica para alocação no grupo correto. Posteriormente foram adquiridas imagens do encéfalo em equipamento de Ressonância Magnética de 3 Teslas para obtenção de dados qualitativos (Medial Temporal Atrophy - MTA, Entorhinal Cortex Atrophy - ERICA, Posterior Cortical Atrophy - PCA e Fazekas) e quantitativos (volume dos hipocampos, Índice de Assimetria dos hipocampos, volume das substâncias branca e cinzenta, volume do fluido cerebroespinhal), incluindo FSC medido por meio de Arterial Spin Labeling (ASL). Resultados: Com relação aos dados qualitativos, quando comparado o grupo CCL com o controle, observou-se diferença com relação a MTA esquerdo (OR 9,63; p=0,02), MTA direito (OR 6,14; p=0,04), ERICA esquerdo (OR 9,09; p=0,04) e Fazekas (OR 6,92; p=0,04). Com relação aos dados quantitativos, quando comparado o grupo controle com DDA fase leve, observou-se diferença com relação a volume de substância branca (diferença estimada de 82442mm3; IC 1035,99 - 163848,00; p=0,04). Quando comparado o grupo CCL com o controle, observou-se redução no FSC normalizado nas seguintes regiões: cingulado posterior esquerdo (diferença estimada de -0,38; p=0,02), cingulado posterior direito (diferença estimada de -0,45; p=0,02) e precuneo direito (diferença estimada de -0,28; p <0,01); e aumento de FSC normalizado no polo temporal superior direito (diferença estimada de 0,22; p=0,03). Observou-se também que no grupo CCL, quanto menor o volume da substância cinzenta menor o FSC no cingulado posterior esquerdo; assim como quanto maior o volume de fluido cerebroespinhal, consequente à redução volumétrica encefálica, maior o FSC no polo temporal superior direito. Discussão: O hipocampo e o córtex entorrinal são as estruturas que apresentam alterações precoces associadas ao processo de neurodegeneração e por isso já podem ser visualizadas em pacientes com diagnóstico de CCL sendo documentadas por maiores escores em MTA e ERICA. O grupo controle apresentou volume de substância branca maior que o grupo DDA fase leve, tal achado pode estar associado a atrofia cortical com desmielinização das fibras. Com relação aos dados quantitativos de FSC normalizados, quando comparado o grupo CCL com o grupo controle, o primeiro apresentou redução do FSC nas regiões do cingulado posterior esquerdo, cingulado posterior direito e precuneo direito que podem estar associadas ao processo de neurodegeneração; além de aumento de FSC no polo temporal superior direito que pode estar associado a mecanismos compensatórios à neurodegeneração. No grupo CCL, observou-se que quanto menor o volume da substância cinzenta, menor o FSC no cingulado posterior esquerdo. Nesse mesmo grupo, quanto maior o volume de fluido cerebroespinhal, consequente à redução volumétrica encefálica, maior o FSC no polo temporal superior direito. Alterações no FSC aparecem no início da progressão da DA, na fase prodrômia de CCL. Conclusão: O estudo demonstrou que nos pacientes com diagnóstico de CCL, a redução de FSC no cingulado posterior esquerdo apresentou correlação com atrofia da substância cinzenta, assim como o aumento de FSC no polo temporal superior direito apresentou correlação com aumento de fluido cerebroespinhal, evidenciando a provável influência do FSC na atrofia encefálica relacionada à DA. Em conjunto, estes achados posicionam o FSC como um possível biomarcador vascular para diagnósticos da DA em fases precoces. |