Monitoramento, ao longo de cinco anos, de um casal de bugios pretos (Alouatta caraya) translocado e do grupo formado a partir desta translocação, no campus da USP em Ribeirão Preto, SP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Rossi, Marcelí Joele
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59134/tde-19022016-160152/
Resumo: Com Alouatta (bugios) as primeiras translocações não apresentaram monitoramento e quando começaram a ser feitos, duraram apenas um ano. Os resultados destes períodos curtos não permitem a avaliação de todas as condições sazonais do lugar da soltura. O objetivo deste estudo foi avaliar, ao longo de cinco anos, a translocação de um casal de bugios-pretos (Alouatta caraya) e o grupo formado a partir desta translocação, no campus da USP em Ribeirão Preto, SP. O casal de bugios-pretos foi translocado em novembro de 2009. Foram avaliados os nascimentos e o orçamento de atividades do casal e do grupo, de janeiro a dezembro dos anos de 2010, 2012, 2013 e 2014 (quatro dias por mês, com média de 580 horas de observação por ano); como também, o orçamento de atividades e a posição em relação à mãe e à irmã mais velha, dos segundo (Inf-2) e terceiro (Inf-3) filhotes do casal, do nascimento ao 12° mês de vida (ago/2012 - jul/2013 e ago/2013 - jul/2014, respectivamente). As categorias avaliadas para o orçamento de atividades foram: Agarrado, Descanso, Locomoção, Alimentação, Brincadeira e Social; e para posição em relação à mãe e à irmã mais velha foram: Agarrado ao ventre, Agarrado ao dorso, Encostado, Ao alcance do braço e Distante; ambos registrados pelo método de Varredura a cada 20 minutos. As análises estatísticas foram realizadas pelo Modelo Misto Linear Generalizado (GLMM). Entre maio e junho de 2013, tentamos suplementar o grupo com uma fêmea não aparentada (FNA), que permaneceu em um cativeiro na área do grupo. A aproximação e as interações sociais entre os indivíduos do grupo e a FNA foram registradas pelo método de Todas as Ocorrências. Também relatamos um encontro entre o grupo de estudo e o outro grupo residente no campus. Durante o período de estudo foram registrados quatro nascimentos, concentrados na estação seca. Os segundo e terceiro infantes do casal apresentaram orçamento de atividades semelhante durante o primeiro ano de vida. Porém, apresentaram diferenças na posição em relação à mãe e à irmã mais velha, onde Inf-3 passou mais tempo próximo a irmã mais velha. Os infantes também apresentaram diferenças entre as díades de interação social, Inf-2 foi catado apenas pela mãe e Inf-3 foi catado pela mãe e pela irmã. Em relação ao tempo de soltura do casal, houve um primeiro período de exploração, caracterizado por maior tempo em locomoção e um segundo período, caracterizado por um padrão no orçamento de atividades que se repetiu ao longo dos anos. O grupo de estudo e o outro grupo residente do campus, se encontraram no final do quinto ano após a soltura do casal. Houve confronto físico e, a partir deste encontro, o grupo de estudo passou a vocalizar todas as manhãs. No início da familiarização da FNA com o grupo, o macho adulto e os imaturos, foram os indivíduos que mais se aproximaram da FNA e realizaram algumas interações afilitiavas. Porém, a fêmea adulta foi quem ficou maior tempo em contato visual com a FNA e quem iniciou as interações agonísticas, em seguida, também realizadas pelo macho adulto. A FNA não permaneceu com o grupo. Desta forma, verificamos que o casal se adaptou às características da área de soltura e atingiu êxito reprodutivo, como também êxito no desenvolvimento dos infantes. Além disso, o encontro entre os grupos tornou real a possibilidade de mistura gênica entre eles. Assim, concluímos o êxito da translocação do casal. Apesar da FNA não ter permanecido com o grupo, este estudo descreveu pela primeira vez, as interações entre um grupo coeso de vida livre e uma fêmea não aparentada cativa, servindo de experiência para tentativas futuras.