Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Navarro, Michel P. Assis |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-30112017-125627/
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Resumo: |
Nesta tese realizo uma exposição e exame sistemáticos do projeto semântico do filósofo estadunidense Donald Davidson de construir uma teoria composicional do significado para as línguas naturais explorando a estrutura recursiva de uma teoria interpretativa da verdade de tipo tarskiana. Nesta estratégia, uma teoria do significado deve ser capaz de capturar a capacidade linguística geral que qualquer falante de uma língua possui de produzir e interpretar novas sentenças. O requerimento de que a teoria seja composicional constitui o critério fundamental que orienta o empreendimento de Davidson e está na base do projeto de elucidar o aspecto composicional do significado via o emprego de uma teoria da verdade do tipo tarskiana. Defendo que o projeto de Davidson intenta lançar as bases de um programa de pesquisa em semântica das línguas naturais que, embora não hegemônico no campo e visto com ceticismo por alguns, é o único exemplo até o momento de uma tentativa de iluminar de forma sistemática o aspecto composicional do significado de amplos fragmentos das línguas naturais sem um apelo direto a entidades abstratas associadas às expressões de uma linguagem, como propriedades, proposições sentidos, intensões etc. Dois tópicos acerca do projeto recebem uma investigação detalhada. Em primeiro lugar, questões filosóficas fundacionais que a proposta suscita. Abordamos as objeções de Davidson a teorias que quantificam sobre significados, discutindo os problemas que ele identifica em análises que reificam a camada intensional dos significados das expressões de uma língua, em especial sistemas neo-fregeanos, tais como os propostos por Rudolf Carnap e Alonzo Church. Baseado em parte nesta crítica de Davidson, pouco examinada na literatura, e sem a qual se corre o risco de uma interpretação equivocada das ambições do projeto, sustento, em consonância com os semanticistas neo-davidsonianos Ernie Lepore & Kirk Ludwig (2005; 2007), que Davidson não intenta fornecer uma semântica que se caracteriza por substituir ou reduzir uma teoria do significado a uma teoria da verdade. A ideia é que uma teoria composicional do significado pode ser apresentada como um corpo de conhecimento sobre uma teoria interpretativa da verdade. Davidson tampouco intenta eliminar a camada intensional do significado; o que se busca é evitar a sua reificação. Uma outra parte da tese se debruça sobre o esforço de acomodar na teoria um conjunto de fenômenos linguísticos próprios das línguas naturais: expressões sensíveis ao contexto, como pronomes pessoais e demonstrativos, que forçam a relativização do predicado de verdade às situações de uso das sentenças; quantificação restrita; sentenças com verbos de ação e que descrevem relações causais entre eventos; contextos opacos criados por sentenças com verbos de atitude proposicional, e a dificuldade de tratar esses contextos sem introduzir entidades intensionais. Examino também aspectos fundacionais da semântica de Lepore & Ludwig, que, sem dúvida, amplia significativamente o escopo de fenômenos linguísticos que podem ser explicados por uma teoria motivada pelo projeto de Davidson. No método dos autores, é estabelecida, entre outras condições, seguindo Davidson, que não basta saber o conteúdo informacional expresso pelos axiomas de uma teoria da verdade. É preciso saber também quais conteúdos os axiomas veiculam. Isto é, tem-se que saber os sentidos dos axiomas. Ao sistematizarem na forma de uma teoria esse conhecimento, eles associam, por meio de uma lista, um sentido/intensão a cada axioma. Para cada expressão da linguagem objeto deve haver um axioma na teoria, e o sentido desse axioma deve ser conteúdo de conhecimento do semanticista/intérprete para que ele seja capaz de empregar a teoria-T para interpretar as expressões subsentenciais e as sentenças da linguagem objeto. Se minha observação estiver correta, na estrutura da teoria dos autores acaba por ocorrer a reificação dos sentidos dos axiomas, o que seria forte indicação de que a semântica que constroem não cumpre o propósito de ser uma teoria imune à introdução de entidades intensionais. Além disso, esta associação de um conteúdo semântico a cada axioma via quantificação, parece implicar uma questão mais grave: o assinalamento de objetos intensionais às expressões da linguagem objeto. Desse modo, se minhas ponderações estiverem corretas, a semântica dos autores parece não se configurar como uma alternativa às teorias neo-fregeanas, no sentido de cumprir o que estas fazem, sem que, na sua estrutura, tenha que postular entidades intensionais. |