Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Costa, Fernanda Cavalieri |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5135/tde-25062024-152229/
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Resumo: |
Introdução: A forma não clássica da hiperplasia adrenal congênita (HAC NC) é uma doença autossômica recessiva frequente, que pode afetar até 1% da população geral. As manifestações clínicas em mulheres adultas incluem irregularidade menstrual, hirsutismo, acne ou infertilidade. Não há consenso sobre qual é a terapia ideal para mulheres adultas com HAC NC; alguns centros usam doses baixas de glicocorticoides (GC) para reduzir o hiperandrogenismo adrenal, enquanto outros usam medicamentos direcionados aos sintomas, como pílulas anticoncepcionais orais (ACO) e/ou espironolactona. Entretanto, os desfechos relacionados ao risco cardiovascular (RCV) em pacientes com forma não clássica são desconhecidos, principalmente aqueles relacionados à escolha do tratamento. Objetivos: Avaliar se pacientes com forma NC apresentam risco cardiovascular aumentado; bem como avaliar se as diferentes terapias com GC ou com terapias dirigidas aos sintomas influenciam neste risco. Pacientes e métodos: Nossa coorte incluiu 47 mulheres com HAC NC, divididas em dois grupos: o Grupo 1 (n=28) foi tratado com dexametasona e o Grupo 2 (n=19) com ACO e/ou espironolactona. Também foram avaliadas 30 mulheres controles pareadas por idade e IMC (Grupo 3). O RCV foi analisado por meio de dados antropométricos (IMC, circunferência da cintura abdominal), concentrações séricas de lipídios, glicemia, insulina, citocinas inflamatórias e avaliações quantitativas de imagens: espessura íntima-média carotídea (EIMC), velocidade da onda de pulso aórtica (VOP), função endotelial por dilatação mediada por fluxo (FMD) e a quantificação da gordura visceral (VAT) por tomografia computadorizada (TC) abdominal. Na análise estatística foram utilizados os testes de Kruskal-Wallis, foi calculado o coeficiente de correlação de Spearman e foram ajustados modelos de regressão simples e múltiplos. Resultados: A média de idade dos Grupos 1, 2 e 3 foi de 33,1 ± 9 anos, 33,8 ± 11 e 37,4 ± 9 anos, respectivamente (p>0,05), e a média de IMC foi de 29,4 ± 6,6 kg/m2, 26,3 ± 6,1 kg/m2 e 28,3 ± 5,6 kg/m2, respectivamente (p>0,05). Não houve diferenças significativas nos valores de glicemia, HOMA-IR, HDL-colesterol e triglicerídeos entre os 3 grupos (p>0,05). Os valores séricos de interleucina 6 (IL-6) foram maiores no Grupo 1 em relação ao Grupo 2 (1,65 IQ 0,84-5,45 no Grupo 1; 0,82 IQ 0,38-1,18 no Grupo 2 e 0,91 IQ 0,47-3,9 no Grupo 3, p = 0,048). O mesmo aconteceu para a interleucina-8 (IL-8), que foi maior no Grupo 1 em relação aos demais grupos (1,75 IQ 0,51-8,86 no Grupo 1; 0,66 IQ 0,09-1,37 no Grupo 2 e 0,63 IQ 0,08-1,39 no Grupo 3, p = 0,008). Não houve diferença significativa na VAT e nem na relação VAT/SAT entre os Grupos 1, 2 e 3 (0,27 ± 0,1; 0,3 ± 0,1; 0,25 ± 0,1, respectivamente, p>0,05), nem mesmo na VOP (6,8 ± 0,6; 6,71 ± 0,6; 7 ± 0,8 m/s, respectivamente, p>0,05). Da mesma forma, a FMD não diferiu entre os grupos (4,6 ± 3,2 %; 6,41 ± 4,4 %; 6,12 ± 3,45 %, nos grupos 1, 2 e 3, respectivamente, p>0,05), assim como a EIMC (0,54 ± 0,08mm; 0,52 ± 0,09 mm; 0,53 ± 0,07mm, nos grupos 1, 2 e 3, respectivemente, p>0,05). Em análise de regressão multivariada não houve associação entre dose de glicocorticoide e os desfechos avaliados. Conclusão: Estes dados sugerem que as mulheres com forma não clássica, ao contrário do que a literatura aponta para a forma clássica, não apresentam risco cardiovascular aumentado. As diferentes terapias da forma não clássica parecem não influenciar o RCV, embora o Grupo 1, tratado em média por 10 anos com dexametasona em doses baixas, teve valores maiores de IL-6 e IL-8. No entanto, deve-se enfatizar que nossa coorte de pacientes com forma não clássica era composta por adultas jovens e deverá ser observada posteriormente. Considerando a complexidade da cascata inflamatória, ainda é precoce considerar que o achado isolado da elevação de IL-6 e IL-8 possa resultar em aumento de RCV em longo prazo |