A agricultura quilombola no Vale do Ribeira - SP: comparação entre as agriculturas itinerante e permanente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Ianovali, Daniela
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-23062015-151615/
Resumo: O sistema agrícola itinerante (SAI), uma das formas mais antigas de agricultura, continua sendo praticado pelas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira-SP. Entretanto, as atuais restrições da legislação ambiental brasileira, a maior integração ao mercado, e a influência de instituições e políticas públicas, estão entre os principais motivos da diminuição desta prática. A produção para o consumo doméstico do SAI está sendo substituída pela agricultura permanente e comercial de pupunheira para palmito, apoiada por incentivos governamentais como créditos financeiros e assistência técnica especializada. Este projeto teve como objetivo avaliar a produtividade entre os diferentes sistemas de cultivo e entre áreas submetidas a diferentes tempos de pousio, discutindo os motivos e os impactos desta transição, sua sustentabilidade, assim como os impactos econômicos para as comunidades. Utilizamos a unidade doméstica como unidade de análise para a organização social do trabalho; para cada atividade reconstituímos o itinerário técnico através de entrevistas semiestruturadas e visitas a campo; e para estimar a capacidade de remuneração dos diferentes sistemas agrícolas utilizamos o cálculo do valor agregado líquido. Durante onze meses acompanhamos a implantação das roças para consumo doméstico e o manejo do cultivo permanente de pupunheira para palmito. Os resultados mostram que há uma tendência de que em capoeiras mais jovens (entre 10-15 anos de pousio) o tempo destinado ao trabalho seja menor quando comparado com o tempo destinado ao trabalho em capoeiras avançadas (com mais de 25 anos de pousio). Entretanto, devido ao tamanho reduzido da amostra não foi possível testar sua significância. Já para a avaliação da produtividade entre os diferentes sistemas, a agricultura permanente se mostrou mais eficiente em termos de renda e no uso do trabalho, do que o SAI. Entretanto, ao considerarmos a multifuncionalidade da agricultura, o SAI desempenha um papel não só de produção de alimentos e fibras, mas também é parte de um complexo de relações socioambientais que incluem a manutenção da diversidade cultural, da agrobiodiversidade e da preservação ambiental.