Causalidade e Mecânica Quântica: o Desenvolvimento do Trabalho de Erwin Schrödinger (1918-1926)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Basilio, Sofia Guilhem
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81131/tde-13032025-162439/
Resumo: A tese aborda a questão da causalidade na mecânica quântica a partir de uma análise histórica e filosófica do trabalho de Erwin Schrödinger, focando no período de 1918 a 1926. Utilizando uma perspectiva de História Cultural das Ciências, a pesquisa explora como as influências culturais e intelectuais do início do século XX moldaram as abordagens de Schrödinger em relação ao conceito de causalidade. O estudo é estruturado em capítulos independentes que abordam aspectos distintos dessa transformação. O Capítulo 1 revisita a influente tese de Paul Forman, intitulada Weimar Culture, Causality and Quantum Theory, que sugere que o ambiente cultural da Alemanha de Weimar, marcado por um clima de pessimismo e uma rejeição crescente da racionalidade, influenciou o desenvolvimento de uma abordagem acausal na física quântica. A autora analisa como essa tese foi recebida ao longo das décadas, as críticas enfrentadas e a relevância contínua de suas proposições para a historiografia das ciências. O Capítulo 2 foca na filosofia de ciência de Schrödinger, especialmente no desenvolvimento da mecânica ondulatória. Este capítulo examina como e quais influências se deram sobre o pensamento de Schrödinger, como o do físico Franz Exner particularmente em relação a ideias sobre indeterminação e estatística e a reação de Schrödinger à teoria de Bohr-Kramers-Slater que introduzia uma interpretação probabilística para fenômenos quânticos. O capítulo mostra como Schrödinger entendia a utilização da causalidade no desenvolvimento da ciência como algo que não era nem correto nem errado, apenas conveniente em determinados casos fazendo, assim, alusão ao pensamento de Poincaré sobre a utilização de diferentes geometrias. A tese argumenta pela necessidade de uma abordagem que considere os cientistas como agentes ativos na construção do conhecimento, em vez de meros receptores passivos das influências culturais. Essa perspectiva dinâmica propõe uma rede de interações culturais e intelectuais, em que os cientistas utilizam recursos culturais de forma crítica e seletiva para moldar suas teorias. Conclui-se que, para entender as transformações no conceito de causalidade na mecânica quântica, é essencial considerar como contextos históricos e culturais influenciam, de maneira complexa e multifacetada, as trajetórias individuais e coletivas dos cientistas. A tese de Forman serve como ponto de partida, mas a análise sugere que uma metodologia mais orgânica e integrada, que leve em conta tanto os fatores culturais quanto as idiossincrasias pessoais, pode oferecer uma compreensão mais robusta dessas dinâmicas científicas.