Alterações à saúde produzidas pela exposição ao mercúrio metálico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1999
Autor(a) principal: Zavariz, Cecília
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6132/tde-16042020-103753/
Resumo: Objetivo. Avaliar os efeitos à saúde decorrentes da exposição a níveis pouco elevados de mercúrio metálico, e contribuir para a facilitação do diagnóstico da intoxicação crônica. Métodos. Foi realizado um estudo transversal em um grupo de 180 trabalhadores expostos a mercúrio metálico e de 180 não expostos em uma indústria de lâmpadas elétricas, respeitando-se a homogeneidade entre os grupos em relação às variáveis sexo, idade escolaridade e funções desenvolvidas. Foram feitas avaliações clínico-neurológicas, dosagem de mercúrio urinário e aplicada uma bateria de testes neuropsicológicos. Resultados. O tempo médio de exposição ao mercúrio foi de 3,93 anos, sendo que o tempo mínimo foi de 2 (dois) meses e o máximo de 20 (vinte) anos. As avaliações ambientais de mercúrio no ar apresentadas pela empresa, para o período estudado, mostraram valores que variaram de 0,000 a 0,083 mg Hg/m3 de ar. A média de mercúrio urinário dos expostos foi de 31,11 e dos não expostos 2,04 ug/l de urina, sendo que o nível máximo de mercúrio encontrado foi de 129,0 ug/l. Os sinais e sintomas referidos pelos trabalhadores que apresentaram significância estatística foram: Síndrome Gastrointestinal: sangramento oral, sialorréia, má digestão, gosto metálico na boca, náuseas, gengivite, ulceração oral, diarréia, amolecimento dos dentes; Síndrome Neurológica: cãibras, parestesia, tremores, sonolência, alteração de grafia, abalos e fraqueza muscular; Síndrome do Eretismo Psíquico: nervosismo, irritabilidade, dificuldade de memória, ansiedade, tristeza, depressão, redução da atenção, agressividade, insegurança e medo. Ao exame fisico foram detectadas as seguintes alterações cujos resultados foram estatisticamente significativos: hiperemia de orofaringe, depósitos gengivais e de palato, ulceração oral, linha azul na borda gengival, tremores, alteração de grafia, de sensibilidade térmica e hiperreflexia. Não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos com relação a pressão arterial. Quanto aos resultados dos testes neuropsicológicos foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos em relação aos seguintes testes: aptidão mecânica de Léon Walther - TAM (itens discos, contas e pontilhagem); bateria de atenção concentrada de Toulouse Pierón e Wechsler Adult Intelligence Scale- WAIS (item símbolos numéricos) indicando a presença de déficits na rapidez de movimentos, destreza manual e coordenação motora; na atenção concentrada; na eficiência cognitiva e velocidade perceptiva motora. Não foi encontrada diferença entre os dois grupos no teste Wechsler Memory Scale, quanto a memória (itens informação e orientação; controle mental; memória lógica; reprodução visual e aprendizagem por associação); porém, a presença de tremor foi altamente significativa no grupo de trabalhadores expostos. Conclusões. Com base nos dados encontrados na investigação consideramos que existe associação entre a exposição a concentrações pouco elevadas de vapores de mercúrio e as alterações patológicas encontradas nos trabalhadores expostos. As alterações encontradas contribuem para a facilitação do diagnóstico da intoxicação.