Influência da ausência da melatonina maternal durante a gestação e lactação sobre a neurogênese e sobre o desenvolvimento somático e sensório-motor da prole.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Teixeira, Lívia Clemente Motta
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42137/tde-25092019-123349/
Resumo: A sociedade atual envolve várias situações sociais (trabalho noturno/turno), que podem perturbam os ritmos circadianos e/ou reduzirem os níveis de melatonina. Além disso, essas alterações têm sido associadas a uma maior incidência de câncer e distúrbios metabólicos. A ruptura do ciclo claro-escuro induzida pelo trabalho noturno durante a gestação e lactação tem sido considerada um importante indutor de alterações da programação fetal da prole levando a alterações metabólicas. Nesse trabalho buscamos compreender o papel da melatonina materna sobre a programação do cérebro, metabolismo energético e comportamento. Para isso avaliamos os efeitos da ausência de melatonina materna durante a gestação e lactação (MMD) e sua reposição terapêutica sobre o desenvolvimento somático, físico e neurocomportamental da prole e seus efeitos de longo prazo no aprendizado dependente do hipocampo, alterações na neurogênese adulta e repercussões metabólicas. Neste estudo demonstramos que a MMD leva a atrasos da maturação física (desdobramento do pavilhão auditivo, aparecimento de pelos, irrupção de incisivos superiores, abertura dos olhos, descida dos testículos) e maturação tardia dos reflexos (preensão palmar, aversão ao precipício, reação de aceleração e andar adulto) na prole masculina. Não houve atraso no surgimento dessas características na prole feminina. Não foram encontradas diferenças na neurogênese pós-natal e em parâmetros metabólicos. Na idade adulta as proles provenientes de ratas pinealectomizadas (PINX) apresentaram aumento do comportamento do tipo-ansioso. A prole masculina apresentou ainda déficits de aprendizagem espacial na tarefa do labirinto aquático de Morris e esses déficits se correlacionam com mudanças no número de células proliferativas no hipocampo. Avaliamos os efeitos a longo prazo do MMD no metabolismo da prole e funções emocionais e cognitivas, questionando se os déficits comportamentais e mudanças no processo de neurogênese observados estavam associados a neuroinflamação e alterações metabólicas na prole masculina. Demostramos que a prole adulta proveniente de mães PINX apresentaram aumento do peso corporal, glicemia de jejum e resistência à insulina aos três meses de idade. Estes animais também exibiram prejuízo na tarefa de reconhecimentos de objeto, aumento do comportamento tipo-ansioso e alterações mitocondriais. Em contrapartida, os animais PINX+MEL-F1 exibiram aumento de proliferação celular, sobrevivência de novos neurônios hipocampais, redução de comportamento do tipo-ansioso e melhor performance nas tarefas dependentes do hipocampo. A MMD não induziu neuroinflamação e alterações nas proteínas relacionadas à ativação da micróglia Estes efeitos de programação da MMD desaparecem com a reposição de melatonina durante a gravidez e lactação. Nossos dados demonstram de forma inédita que a ausência de melatonina materna durante gestação e lactação afeta os mecanismos de programação do cérebro responsáveis pelo desenvolvimento neurológico ideal, com consequências a longo prazo para as funções hipocampais e afeta a programação do metabolismo energético.