Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Carneiro, Victor Andrei Rodrigues |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41132/tde-14082021-150524/
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Resumo: |
Ulva é um dos gêneros algas verdes com maior distribuição em ambientes marinhos e estuarinos de todo o mundo. A identificação de suas espécies é extremamente difícil devido à morfologia simples e aos poucos caracteres diagnósticos, que podem exibir grande variação intra- e interespecífica. O estudo da diversidade do gênero tem sofrido grandes avanços nos últimos anos, fundamentalmente pelo emprego de dados moleculares, levando a mudanças no status taxonômico de suas espécies e no reconhecimento de complexos de espécies e espécies crípticas. Ulva constitui um dos gêneros mais conspícuos do litoral brasileiro, ocorrendo em praticamente todas as regiões costeiras do país. Apesar disso, é um dos gêneros de algas verdes menos estudados do ponto de vista molecular. Este trabalho teve como objetivo contribuir para o conhecimento da diversidade do gênero Ulva na região sudeste do Brasil, desenvolvendo pela primeira vez um estudo sistemático do gênero com base nos marcadores moleculares platidiais, tufA e rbcL, aliado ao estudo morfológico das espécies. A região sudeste abriga a maioria das citações dos táxons de Ulva para o Brasil, sendo 13 dos 16 referenciados para o país. Um total de 296 amostras de Ulva foi coletado em 33 pontos georreferenciados do sudeste brasileiro. Deste total, 145 amostras foram sequenciadas, 109 para o tufA e 36 para o rbcL. Dez táxons foram reconhecidos com base nos dados moleculares e morfológicos; dois deles não puderam ser atribuídos à nenhuma espécie descrita e foram denominados como Ulva sp. 1 e Ulva sp. 2. Nossos resultados mostraram que a maioria das espécies confirmadas por dados moleculares não têm correspondência com as espécies morfológicas citadas comumente para o litoral brasileiro, sendo elas: U. aragoënsis, U. chaugulii, U. ohnoi, U. tanneri, U. tépida e U. torta. Apenas três espécies previamente citadas para o Brasil foram confirmadas por dados moleculares, U. lactuca (incluindo seu sinônimo U. fasciata), U. ohnoi, citada anteriormente apenas para o Arquipélago de Fernando de Noronha, Pernambuco, ambas com ampla distribuição no sudeste, e U. compressa, mais rara, encontrada apenas uma vez no litoral do Espírito Santo. Nossos resultados evidenciaram que os morfotipos de U. lactuca e de U. rígida (talos laminares com ou sem denticulações marginais, com células quadráticas em toda a extensão do talo ou retangulares apenas na base) correspondem a U. ohnoi, o morfotipo de U. flexuosa (talos tubulares ligeiramente comprimidos, ramificados principalmente na base e com células organizadas apenas nessa região) corresponde a U. tépida, o morfotipo de U. linza (talos tubulares distromáticos no centro e monostromáticos ocos nas margens) corresponde a U. aragoënsis e o morfotipo U. paraxoxa sensu Kanagawa (talos tubulares muito estreitos com ramos unisseriados) corresponde a U. torta. Com base nesses resultados, U. flexuosa, U. linza, U. rígida e U. paradoxa são nomes mal aplicados para a região sudeste do Brasil. Ulva ohnoi é citada pela primeira vez para a região sudeste e para o continente, enquanto Ulva chaugulii é citada pela primeira vez para o Oceano Atlântico e U. tanneri para o Oceano Atlântico ocidental. A utilização da ferramenta molecular no estudo de Ulva na região sudeste do Brasil foi fundamental para desvendar a sua diversidade, assim como para melhor delimitar suas espécies. Os dados apresentados aqui são pioneiros e constituem uma fonte relevante de informação sobre a taxonomia deste grupo. A partir dessa contribuição fica evidenciada a necessidade de mais estudos do gênero, ampliando a amostragem no litoral brasileiro e empregando-se marcadores moleculares, sem os quais a verdadeira diversidade do gênero não pode ser estimada. |