Qual o papel dos genes de metabolização de xenobióticos de fase I e genes relacionados com a ação da nicotina no risco de desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Mariana Rocha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-29062020-115448/
Resumo: INTRODUÇÃO: Os polimorfismos em genes de metabolização de xenobióticos da fase I, como os da Família do citocromo P450 (CYPs) codificam enzimas que têm sido associadas ao risco do câncer de cabeça e pescoço (CCP), pois participam do processo de biotransformação de compostos carcinogênicos do cigarro, considerado o principal fator de risco desta neoplasia. Além disso, variações nos genes codificadores dos receptores nicotínicos (CHRNAs), que modulam a sensação de prazer e a intensidade de consumo de cigarros, também podem contribuir para o desenvolvimento do CCP. O objetivo desse estudo foi avaliar oito polimorfismos em genes de metabolização de xenobióticos de fase I como CYP1A1 (rs4646903 e rs1048943), CYP2D6 (rs1080985, rs3892097, rs1065852, rs28371706 e rs28371725) e CYP3A4 (rs2740574), e dois polimorfismos em genes codificadores de receptores nicotínicos: CHRNA3 (rs578776) e CHRNA5 (rs16969968) no risco de CCP. Além da associação entre intensidade de consumo de cigarros e os polimorfismos nos genes CHRNA3 e CHRNA5. MÉTODOS: Foram avaliados 619 indivíduos com o CCP (cavidade oral - 38%, laringe - 24%, orofaringe - 24% e 14% nas demais localizações) e 448 controles, todos provenientes do Hospital Heliópolis, São Paulo, Brasil. Os polimorfismos foram identificados pelas técnicas de qPCRou PCR-RFLP. Foram estimados os odds ratios e os respectivos intervalos de confiança de 95% utilizando-se a análise de regressão logística multivariada ajustada para as variáveis de confusão. RESULTADOS: O risco de CCP foi maior para indivíduos do sexo masculino (OR= 1,72; IC 95% 1,19-2,48), com idade superior a 50 anos (OR=1,45; IC 95% 1,13 - 1,87) e baixa escolaridade (OR=1,72; IC 95% 1,16-2,56) e o risco foi menor em indivíduos que se autodeclararam como não brancos (OR= 0,67; IC 95% 0,52-0,86). O consumo de tabaco dos participantes que declararam fumar até o momento da entrevista, aumentou em praticamente nove vezes o risco de CCP (OR=8,97; IC 95% 5,90-13,67), enquanto os indivíduos que declararam fazer uso do álcool apresentaram risco duas vezes maior (OR=1,91; IC 95% 1,37-2,65). Observou-se que o hábito tabagista nos participantes do estudo mostrou-se associado ao risco de 17 vezes de desenvolvimento de neoplasia de orofaringe (OR=17,76; IC95% 6,39-49,34) e de 7 vezes o risco de tumores na cavidade oral (OR=7,65; IC 95% 4,25-13,80) e na laringe (OR=7,85; IC 95% 3,69-16,67). Os polimorfismos genéticos estudados não foram associados significativamente com o risco de CCP, nem com os diferentes sítios tumorais. Por outro lado, os indivíduos homozigotos para a variante do gene CHRNA5, independentemente da doença, apresentaram o risco duas vezes maior de consumir 20 ou mais cigarros por dia (OR=1,93; IC95% 1,05-3,58). CONCLUSÃO: O hábito tabagista seguido do consumo de bebidas alcoólicas foram os principais fatores de risco para o CCP. Os dez polimorfismos estudados na presente investigação não mostraram associação significativa com o risco de CCP, mesmo quando os sítios tumorais foram considerados em separado. Como fator de risco indireto ao CCP verificamos que a presença do polimorfismo CHRNA5 (rs16969968) no gene que codifica o receptor de nicotina se mostrou associado com o aumento do risco de um alto consumo de cigarros