Indícios de autoria em redações escolares: entre a regularidade e a ruptura

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Viveiros, Thais Rosa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-21112018-091251/
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo investigar a presença de indícios de autoria em redações escolares. Para a sua realização, analiso 41 redações produzidas por alunos de uma escola de alto padrão da cidade de São Paulo. Essas redações são o resultado de um concurso interno de redação, cujo tema foi a busca da felicidade; os alunos participantes escreveram sobre este tema em diferentes gêneros (crônica, conto, artigo de opinião ou dissertação escolar) e postaram o texto na plataforma moodle. Nesta pesquisa, cuja premissa parte de uma análise discursiva (pautada na Análise do Discurso de linha francesa e na teoria da enunciação bakhtiniana), após o levantamento dos dados, foi possível pensar a distribuição do material analisado sob as seguintes perspectivas: a) o individual, o humano e o social; b) ainda considerando essa tríade, a incidência da voz coletiva e do tom proverbial; c) o tempo e o espaço nas relações de continuidade e ruptura. No decorrer das análises propostas, pude perceber a presença de pré-construídos acerca da felicidade, estabelecidos I) pelo diálogo com os textos da coletânea da proposta de redação entregue aos alunos e II) pelo universo sociocultural e histórico no qual estão inseridos os escreventes participantes do concurso; esse universo permite um entendimento do que convencionei nomear império do eu. Isso, somado à consideração dos três eixos de circulação do escrevente pela escrita (CORREA 2004), à consideração da escrita como heterogênea (CORREA 2004) e à consideração do outro como mostrado e constitutivo (AUTHIER-REVUZ 1995) dos textos em análise, propiciou a abordagem sobre autoria aqui proposta. Os indícios de autoria são perceptíveis nas rupturas que se abrem na regularidade, na continuidade dos discursos, rupturas que deixam à vista o ponto de contato entre o que há de mostrado, o que há de constitutivo e o que pode ser considerado como manobras (POSSENTI 2009) do escrevente em seu trabalho com a escrita. Essas rupturas, considerando as perspectivas analíticas que assumo como diretrizes a partir da análise do material, podem ser pensadas em relação às três abordagens já dadas: a) na presença da consideração do social, mesmo que ainda atravessada pela regularidade da generalização; b) na voz coletiva e no tom proverbial como instanciação do outro, por meio de duas imagens, o simples, como critério para a felicidade, e os conceitos direito e dever, vinculados à busca da felicidade; e c) nas rupturas no continuum espaço-tempo por meio I) da fratura do cotidiano; II) da instanciação da perda como oportunidade; e III) do passar biológico do tempo. Cada uma dessas rupturas permite que seja instanciada uma posição enunciativa a partir da qual aquele discurso, e nenhum outro, nessas circunstâncias, nesse tempo e nesse espaço possa ser enunciado aqui e em nenhum outro lugar. Desse modo, entendo como indícios de autoria os momentos em que o escrevente se faz notar. Pensar a autoria em redações escolares a partir de uma premissa discursiva pode permitir, por fim, uma nova abordagem do conceito autoria nas aulas de redação e no modo como o conceito autoria é previsto em grades de correção de redações escolares e dos vestibulares.