Decifrando a origem de dubiofósseis do pensilvaniano da Bacia do Paraná, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Saldanha, João Pedro
Orientador(a): Cagliari, Joice
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia
Departamento: Escola Politécnica
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/12522
Resumo: Minerais são o registro fundamental dos processos abióticos e um dos principais registros da vida ao longo do tempo, mesmo assim, faltam critérios sólidos que possam distinguir produtos bióticos de abióticos. Isso porque, cada vez mais a ubiquidade da vida na superfície terrestre tem sido comprovada e, portanto, desconhecemos todos os papéis biológicos na mineralização ao longo do ciclo sedimentar. Um outro motivo é a condição natural de sobreposição e repetição de processos geológicos que definem o registro. Dubiofósseis minerais são relevantes pontos de investigação para resolver a questão, uma vez que se situam no limiar do conhecimento entre abiótico e biótico. Logo, o objetivo da presente dissertação é decifrar a origem e história de estruturas mineralizadas ramificadas até então consideradas como dubiofósseis minerais da Formação Rio do Sul, Pensilvaniano da Bacia do Paraná, Itaiópolis – SC, buscando contribuir para a investigação da biogenicidade de minerais. Essa ocorrência é interessante por remeter aspectos biológicos, porém de difícil associação a qualquer grupo fóssil. Além de estar inserida em um contexto de sobreposição de processos geológicos: ocorrendo muito próximo ao contato dos ritmitos da Fm. Rio do Sul com uma soleira do Grupo Serra Geral – Cretáceo inferior com comprovado efeito termal. Baseado em investigações de dubiofósseis anteriores, foi estabelecido um protocolo de descrição em quatro classes de atributos: 1) morfologia, estrutura e textura, 2) relação com a matriz, 3) composição, 4) contexto, avaliando também a indigeneidade e singenicidade do material e comparando com outros minerais bióticos e abióticos. O dubiofóssil apresentou alta variação de formas, de tamanhos, texturas, diferenças com a matriz, uma composição organizada complexa de calcita com Fe, Mg, Al internamente e um contexto intricado no qual algum dos múltiplos processos abióticos e bióticos pode ter gerado a ocorrência. A extensa comparação com minerais abióticos, biominerais controlados, induzidos e influenciados não resultou em nenhuma hipótese provável. Exclui-se também, a possibilidade de ser um biomineral controlado por sua diversidade de formas sem padrão e ter a origem puramente termometamórfica pela forma alongada ramificada. Sugerindo, portanto, uma história complexa para a ocorrência: origem sindeposicional ou eodiagenética de algum carbonato ou sulfato (gipsita, ilkatia, dolomita, calcita, siderita etc.), que pode estar vinculada com a presença das esteiras microbianas. O EPS ou bactérias filamentosas podem ter servido como gabarito para a mineralização e ainda ter mediado o crescimento mineral. A mesodiagênese pode ter modificado a ocorrência, mas o principal agente foi a intrusão cretácica que ao degradar a matéria orgânica associada dissolveu, substituiu o mineral inicial e precipitou calcita produzindo o dubiofóssil. Em todas essas etapas as reações físico-químicas e biológicas, auxiliadas pelas características intrínsecas da matriz, quantidade de matéria orgânica e distância do contato com o corpo intrusivo, podem ter aumentado a complexidade morfológica. O material apresentado é um exemplo de que dúbiofósseis podem ser resultado de uma história complexa e sobreposição de processos geológicos. Além disso, demonstra a escassez de argumentos de biogenicidade que diferenciem biominerais de minerais abióticos.