Corpo e alma em Agostinho de Hipona uma relação de preservação, interdependência e cuidado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Costa, Daiane Rodrigues
Orientador(a): Salvatore, Nicola Claudio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Departamento: Escola de Humanidades
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/13453
Resumo: A tese aqui apresentada tem como objetivo demonstrar que existe uma relação de atenção e cuidado entre corpo e alma na antropologia filosófica de Agostinho de Hipona. Para isso, nos perguntamos: qual o tipo de relação que existe entre corpo e alma? Ela é conflituosa ou harmônica? Para responder, minimamente, essas questões, utilizamos como recursos principais algumas obras de Agostinho, que diferem cronologicamente, mas que contribuem com o problema aqui proposto. Tais obras, como A Trindade, Comentário ao gênesis, A Grandeza da alma, A Natureza do Bem, A Música, O Livre-arbítrio, a Doutrina Cristã, entre outras, forneceram as informações básicas, compiladas em resumos e fichamentos, e que serviram de base para a produção textual, argumentativa e conclusiva do texto. A defesa aqui proposta também pretende objetar a tese de que o corpo tem um papel de desviar a alma de seu destino espiritual e a corrompe com os ditames da vida mundana. Ao contrário, a linha argumentativa do texto defende a estreita união entre corpo e alma, sendo essa última a responsável pelas escolhas, sejam elas boas ou más, da pessoa. A partir disso, compreendemos que a alma, para Agostinho, é uma substância incorpórea, que não se localiza espacialmente no corpo, e que possui faculdades que podem aprimorar seu desempenho ao longo do tempo. Formam as faculdades da alma a memória, inteligência e a vontade, a exemplo da imagem trinitária de Deus. O corpo, por sua vez, criado por Deus, também tem vestígios do seu criador, mas não é à imagem e semelhança dele. No entanto, ele também é um bem, assim como toda materialidade. O corpo também possui trindades imperfeitas de Deus. Corpo e alma unidos formam o ser humano. Dessa forma, aquilo que entendemos como um “eu” que concede identidade ao seu humano, não está só na alma, mas na união dela com um corpo. Essa união acontece porque a alma deve, em uma de suas funções, cuidar do corpo, mantendo a unidade e a boa saúde dele. Dessa forma, ela exerce dois movimentos direcionados ao corpo. O primeiro se trata em agitar elementos da natureza que se encontram no corpo para que esses o animem, concedendo-lhe movimentos autônomos. A animação do corpo também mantém os órgãos em funcionamento e os sistemas desempenhando seus papéis para que o corpo continue vivo. O segundo movimento da alma é a sensibilidade, onde, através do corpo, a alma pode sentir e apreender a medida das coisas corpóreas do mundo que está a sua volta. Isso ocorre porque, quando um objeto externo incita um dos órgãos sensoriais e altera o estado natural do corpo, a alma dirige sua atenção a esse fato, visando proteger o corpo de qualquer situação nociva. Por fim, salientamos que a relação corpo e alma em Agostinho de Hipona é um movimento recíproco, onde a alma protege o corpo dos perigos que podem prejudicá-lo; e o corpo permite que a alma tenha acesso às informações do mundo material, formando, assim, o conhecimento dele. Esse conhecimento do mundo físico, que a alma guarda em sua memória, é chamado por Agostinho de ciência.