Estrutura de comunidades de turbelários em áreas úmidas da planície Costeira do Sul do Brasil, com revisão da diversidade de microturbelários no país

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Braccini, João Alberto Leão
Orientador(a): Leal-Zanchet, Ana Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia
Departamento: Escola Politécnica
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/10234
Resumo: Microturbelários são abundantes em ecossistemas marinhos e de água doce, podendo ocorrer em ambientes terrestres úmidos. Entretanto, raramente são considerados em estudos de diversidade. A maioria dos estudos sobre microturbelários brasileiros tiveram propósito taxonômico e foram realizados nos anos 1940-1950. As informações sobre ocorrência e aspectos ecológicos estão dispersas em diversos artigos. Os microturbelários constituem um grupo em geral bentônico, sendo encontrados associados a bancos de macrófitas, em meio a assembleias de algas filamentosas ou diretamente ao substrato. Os principais objetivos desta dissertação são (1) sumarizar dados de distribuição geográfica e aspectos ecológicos dos microturbelários registrados para o Brasil, indicando as principais lacunas do conhecimento e possíveis ações para ampliar estudos sobre esse grupo e (2) analisar a estrutura de comunidades de turbelários em diferentes classes de áreas úmidas palustres permanentes da Planície Costeira do Sul do Brasil. Para atingir o primeiro objetivo foi feita vasta revisão bibliográfica dos trabalhos com microturbelários para o Brasil. Para analisar a estrutura de comunidades em diferentes classes de áreas úmidas ocorreram coletas em 25 corpos d’água, sendo uma amostragem em cada área úmida, no período de outubro de 2013 a fevereiro de 2014, no litoral médio do Rio Grande do Sul. Há 240 espécies de microturbelários registradas no Brasil, com registros distribuídos em 12 estados. No entanto, 94% das espécies de microturbelários foram registradas em apenas três estados localizados no sul e sudeste do Brasil. Assim, o conhecimento sobre sua sistemática e distribuição geográfica claramente reflete as atividades científicas realizadas por muitos anos ou mesmo décadas em dois estados do sudeste e sul do Brasil. Para o litoral médio do Rio Grande do Sul, um total de 1257 espécimes de turbelários foi coletado representando 62 espécies e 23 gêneros, das ordens Catenulida, Lecithoepitheliata, Macrostomida, Rhabdocoela e Tricladida. Foram encontradas diferenças significativas na abundância e riqueza de turbelários em relação à formação vegetal (p<0,05), áreas úmidas pluriestratificadas e com macrófitas de folhas flutuantes apresentaram maior abundância que as demais, enquanto que as pluriestratificadas e as emergentes apresentaram os maiores valores de riqueza, áreas úmidas sem vegetação tiveram os menores valores de abundância e riqueza do estudo (p<0,001). A estrutura das comunidades de turbelários apresentou variações em relação à comunidade vegetal, estando relacionadas a duas variáveis da água: temperatura (p<0,05) e oxigênio dissolvido (p<0,05). A partir dos resultados da presente dissertação, pode-se constatar que as assembleias de turbelários estão fortemente relacionadas com a heterogeneidade dos habitats. Turbelários necessitam dos mais variados ambientes para sua ocorrência, desta forma, se faz necessário a conservação de todos os tipos de ecossistemas. Considerando as escassas informações existentes sobre esse grupo no Brasil, assim como a situação dos microturbelários neotropicais em geral, algumas ações devem ser propostas. Primeiramente, é necessário realizar amostragens em diversos biomas, assim como nas várias bacias e regiões hidrográficas marinhas, baseadas em protocolos de amostragem padronizados. Em segundo lugar, faz-se necessário incentivar diversos grupos de pesquisa a incluir microturbelários e/ou turbelários em geral em inventários da biodiversidade e estudos de estrutura de comunidades de invertebrados. Em terceiro lugar, é necessário ampliar o número de grupos de pesquisa em microturbelários, para aumentar os estudos sobre sua morfologia, sistemática e ecologia.