Etnoecologia e ecologia populacional da palmeira babaçu (Attalea speciosa Mart. ex Spreng) (Arecaceae) na região do Araripe, Nordeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: CAMPOS, Juliana Loureiro de Almeida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Biologia
Brasil
UFRPE
Programa de Pós-Graduação em Ecologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/5280
Resumo: Essa pesquisa teve como pretensão analisar a extração do fruto de Attalea speciosa Mart. ex Spreng (palmeira babaçu) na região da Área de Proteção Ambiental do Araripe (APA- Araripe), nordeste do Brasil, buscando-se compreender o conhecimento local e o processo de exploração desse recurso, bem como investigar as implicações das diferentes formas de uso da terra sobre populações naturais da espécie e sobre a taxa de produção de frutos. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 49 extrativistas dessa palmeira (43 mulheres e 6 homens), selecionados por meio da técnica “bola de neve”. Para compreender as implicações ecológicas das diferentes formas de uso da terra sobre as populações da espécie, foram demarcadas aleatoriamente 150 parcelas de 10x10 metros em três áreas com elevada incidência de A. speciosa submetidas à diferentes usos da terra, sendo 50 parcelas estabelecidas em uma área de pastagem (Área 1), 50 parcelas em uma área de agricultura itinerante (Área 2) e 50 parcelas em uma área de floresta estacional semidecidual (Área 3). Dentro de cada parcela, todos os indivíduos de A. speciosa encontrados foram contados, classificados em plântulas, jovens e adultos, sendo medidos quanto à altura e diâmetro à altura do peito (DAP). Para calcular a quantidade anual de frutos produzida pela espécie, foram marcados 20 indivíduos adultos de babaçu em cada área de estudo e durante 12 meses, os mesmos foram monitorados para estimar a produtividade de frutos por cacho e o número de cachos produzidos por indivíduo. Foram obtidas 352 citações e 50 usos diferentes, distribuídos em oito categorias de uso, recebendo destaque as categorias artesanato, construção e alimentação humana. A renda mensal total dos extrativistas teve influência significativa e positiva sobre o conhecimento. Não houve relação significativa entre o conhecimento e as práticas atuais de A. speciosa. Os frutos e as folhas são as únicas partes extraídas pelos informantes, evidenciando maior “pressão de uso” sobre estes produtos florestais não madeireiros. O acesso a tecnologias pode substituir alguns dos usos tradicionais do babaçu, além de induzir uma seleção no tipo de uso que é praticado na comunidade. Todas as populações de babaçu tiveram sua estrutura vertical em formato “J-invertido”, evidenciando bom recrutamento da espécie. A pastagem e a agricultura itinerante mostraramse como as áreas mais favoráveis ao estabelecimento de populações de A. speciosa, e o fator que mais parece contribuir para isso é o maior índice de incidência luminosa presente nesses locais. Com relação à frutificação, as áreas que se mostraram mais favoráveis foram a pastagem e a agricultura itinerante, apresentando número médio de frutos/indivíduo significativamente maior que a área de floresta estacional semidecidual. Foi possível verificar que a palmeira babaçu é considerada um recurso de elevada importância comercial para os moradores do Sítio Macaúba, sendo os usos de subsistência pouco frequentes. A palmeira A. speciosa se desenvolve bem em ambientes antropizados, uma vez que áreas de cultivo e de pastagens podem contribuir para a rápida expansão e estabelecimento dessa espécie, assim como para as maiores taxas de frutificação da mesma.