Doenças do sistema digestório dos bovinos: Estudo retrospectivo (1999-2018) de base hospitalar
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Medicina Veterinária Brasil UFRPE Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinária |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/8878 |
Resumo: | As enfermidades do sistema digestório dos bovinos compõem importante grupo de doenças frequentemente relacionadas ao inadequado manejo nutricional e responsáveis por perdas econômicas significativas no setor pecuário. Em razão da importância econômica e social da bovinocultura para a região, onde situa-se a principal bacia leiteira do estado de Pernambuco, e da influência que a alta incidência de doenças causa sobre a produtividade dos animais objetivou-se realizar um estudo clínico-epidemiológico das enfermidades do sistema digestório diagnosticadas na Clínica de Bovinos de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco, no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2018, que possibilitasse conhecer as distintas enfermidades digestivas diagnosticadas nos bovinos da região, bem como a distribuição destas quanto à características epidemiológicas. Estas enfermidades representaram 24% (2238/9343) dos atendimentos de bovinos realizados neste período sendo as enfermidades de natureza mecânica/motora as mais prevalentes (33,6%), seguidas das fermentativas (28,4%), das gastroenterites (16,0%), das enfermidades esofágicas (9,7%) e das enfermidades da cavidade oral (4,5%). As reticulites traumáticas e suas sequelas (14,5%) destacaram-se como as doenças mais prevalentes, seguidas das indigestões simples (10,1%) e dos transtornos obstrutivos esofágicos e intestinais (9,0%). A taxa de letalidade geral para estas doenças foi de 46,0%. De maneira geral as enfermidades foram mais prevalentes em fêmeas, mestiças, com idade superior a 24 meses, criadas em sistema semi-intensivo e durante o período seco. Também neste trabalho foi realizado um estudo de caracterização clínico-epidemiológica e laboratorial da indigestão vagal em bovinos. Essa síndrome, representou 5,5% (70/1279) dos casos digestivos de bovinos e apresentou prognóstico desfavorável em 78,3% dos casos. A indigestão vagal tipo II foi a mais prevalente (40%), seguida do tipo I (24,3%) e dos tipos III e IV, que corresponderam a 18,5% e 10,0%, respectivamente. Em 67,1% dos casos, a indigestão vagal ocorreu em consequência de outras enfermidades, sendo a reticuloperitonite traumática a mais frequente (27,7%). As alterações motoras do trato gastrointestinal, tais como hipomotilidade, distensão abdominal e timpania foram os sinais clínicos mais frequentes. As alterações laboratoriais, de imagem e anatomopatológicas são oriundas principalmente das enfermidades primárias presentes em cada caso. Além dos estudos descritivos acima mencionados, foi realizado neste trabalho um estudo analítico do tipo coorte-retrospectiva com objetivo de identificar variáveis clínicas e laboratoriais que pudessem auxiliar na predição do desfecho em bovinos com enfermidades digestivas emergenciais. Cento e vinte e dois bovinos foram incluídos no estudo: 35 com transtorno intestinal obstrutivo, 31 com DAD, 30 com timpanismo espumoso, 17 com dilatação de ceco e nove com acidose láctica ruminal. O desfecho foi considerado positivo quando o animal recebeu alta hospitalar após o procedimento terapêutico e negativo quando houve óbito natural ou foi submetido a eutanásia durante o internamento. Para identificação das variáveis preditoras modelos de regressão logística multivariada foram construídos. Nenhuma das variáveis estudadas foram associadas ao desfecho nos animais com timpanismo espumoso e dilatação de ceco. Permaneceram no modelo final ajustado para animais com DAD a FC (OR=11,4; IC: 1,04 – 125,1) e a contagem total de leucócitos (OR=5,7; IC: 0,71 – 45,0). Enquanto, para animais com transtorno intestinal obstrutivo permaneceram o lactato (OR=22,8; IC: 1,74 – 299,4) e o fibrinogênio plasmático (OR=14,2; IC: 1,01 – 199,5). As enfermidades do sistema digestório, representaram parcela considerável das doenças que acometem os bovinos criados na região que compõe a principal bacia leiteira do Estado de Pernambuco, ratificando seu impacto econômico e social para a região e a importância da realização de estudos que possibilitem maior entendimento a seu respeito. |