Influências das agriculturas sobre a avifauna no semiárido de Pernambuco : percepção voltada à etnoornitologia, agroecologia e conservação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: ANDRADE, Horasa Maria Lima da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Biologia
Brasil
UFRPE
Programa de Pós-Graduação em Etnobiologia e Conservação da Natureza
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/7787
Resumo: O grupo aves e suas populações vêm sofrendo impactos decorrentes de um modelo de desenvolvimento pautado mais em aspectos econômicos, no qual diferentes ações e atividades humanas, dentre estas a agricultura têm provocado alterações nos ambientes naturais, o que beneficia ou não determinadas espécies. Esta pesquisa com enfoque Etnoornitológico foi realizada no semiárido pernambucano com o objetivo levantar a percepção dos agricultores sobre a avifauna e as influências da adoção de práticas agrícolas (convencionais e não convencionais) sobre as espécies locais, analisando as implicações na riqueza, composição e manutenção, avaliando os ambientes mais favoráveis à conservação das espécies. No levantamento da percepção, selecionou-se três associações com maior número de associados e dois grupos de agricultores: um com práticas de agricultura convencional (monocultivos) e outro não convencionais (quintal agroflorestal). Foram realizadas visitas e aplicados formulários e entrevistas semi-estruturadas com 191 agricultores, em 131 residências. Considerou-se os conhecimentos ecológicos locais (CEL) e percepção dos agricultores sobre as espécies, usos, atitudes, conflitos e relações de benefícios e prejuízos das aves aos sistemas e vice-versa, e aumento/diminuição das espécies. O levantamento da avifauana considerou as citações dos agricultores e os registros feitos por ornitólogos, na região e nos sistemas agrícolas. Ocorreu em 18 propriedades rurais em Jupi, considerando três ambientes distintos (fragmentos florestais, cultivos convencionais e não convencionais). Seguiu-se o método de transectos e a análise por pontos. Diferenças na percepção entre grupos de agricultores e o registro de aves por ornitólogos foram feitas através das análises e testes estatísticos (qui-quadrado, G, PERMANOVA, SIMPER, Kruskal- Wallis, Jaccard e Sorensen). Os agricultores têm CEL e percepção diferentes que influenciam atitudes e práticas sobre as espécies. As atitudes, usos, formas de conflito e causas do aumento/declínio foram significativas. Os não convencionais reconheceram um menor número de aves em seus sistemas e apresentaram CEL e práticas favoráveis à conservação. Os convencionais reconheceram mais as aves atreladas ao uso. A adoção de um tipo de agricultura e suas práticas influenciam atitudes predatórias (perseguição, caça, desmatamento) ou conservacionistas (proteção aos ninhos) que implicam na conservação das espécies. Os agricultores não reconheceram as funções ecossistêmicas que as aves devem desempenhar e as contribuições recíprocas entre aves e agroecossistemas. Ambientes de quintais e os naturais se mostraram favoráveis à conservação, devendo ser mantidos e estimulados. Estudos de percepção, considerando o CEL e o conhecimento técnico científico (CTC) poderão contribuir com políticas públicas, planos de manejo e conservação, processos educativos e comunicativos, junto aos agricultores e a outros atores que participam das atividades agrícolas. Assim, podese estimular e contribuir no desenvolvimento de agriculturas sociais e sustentáveis, novas Ciências e paradigmas que consideram as áreas agrícolas integradas a uma matriz de paisagem mais agroflorestadas como importantes na conservação da biodiversidade, incluindo da avifauna local.