Distribuição geográfica, modelagem de nicho ecológico e taxonomia de espécies endêmicas de Manihot Mill. no Nordeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: CONTENTO, Karen Yuliana Suarez
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Biologia
Brasil
UFRPE
Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/9754
Resumo: Dentre os táxons de Euphorbiaceae, Manihot Mill., destaca-se por sua grande importância cultural, econômica e social para o Brasil. O gênero inclui cerca de 150 espécies e possui distribuição exclusivamente Neotropical, sendo a Amazônia seu provável centro de origem. O Brasil possui aproximadamente 120 espécies, das quais aproximadamente 100 são endêmicas. As espécies silvestres constituem um patrimônio genético vegetal que pode ser utilizado em programas de melhoramento da espécie cultivável Manihot esculenta, através da transferência de genes de interesse, auxiliando na resolução de diversos problemas, como intolerância a períodos de seca, alta temperaturas, baixo conteúdo de proteínas e pragas. Ao mesmo tempo, populações selvagens, especialmente espécies endêmicas, estão sob constante ameaça devido à destruição de hábitats e mudanças climáticas. Neste trabalho, objetivamos identificar os padrões de distribuição das espécies de Manihot endêmicas do Nordeste brasileiro sob cenário climático atual e futuro (acentuação das mudanças climáticas) associado a um estudo taxonômico, avaliar os efeitos potenciais das mudanças climáticas sobre a distribuição geográfica das espécies endêmicas do gênero Manihot no Nordeste do Brasil e confirmar a presença da área de aptidão em áreas protegidas no futuro. No primeiro capítulo são apresentados os resultados do estudo taxonômico, incluindo descrições, ilustrações, lectotipificação, status de conservação, distribuição e riqueza de espécies endêmicas do Nordeste do Brasil. Foram reconhecidas 15 espécies endêmicas, dentre as quais cinco delas foram lectotipificadas (M. dichotoma, M. jacobinensis, M. maracasensis, M. reniformis e M. zehntneri). Dentre as espécies estudadas, 80% estão em alguma categoria de ameaça, 13% estão quase ameaçadas e apenas 7% enquadram-se na categoria de menor preocupação. A Bahia destaca-se pelo alto grau de endemismo de Manihot com 14 espécies. Apenas uma espécie foi encontrada sendo endêmica dos estados de Sergipe e Alagoas. A Caatinga registra o maior número de espécies (8), seguida pelo Cerrado (6) e Mata Atlântica (4). A Serra do Espinhaço, no setor da Bahia, abriga a maior riqueza de espécies endêmicas de Manihot, e estão especialmente associadas ao Parque Nacional da Chapada Diamantina. No segundo capítulo apresentamos os resultados da modelagem de nicho ecológico de 11 espécies endêmicas de Manihot para o Nordeste, das quais prevemos a distribuição geográfica atual e futura para o ano 2100, usando três diferentes modelos de circulação geral (CNRM, MIROC e MRI) e dois cenários de mudança climática. Descobrimos que 45% e 54% das espécies poderiam ter uma redução parcial de seu potencial total de distribuição até o ano de 2100 em um cenário otimista e pessimista, respectivamente, porém algumas outras espécies aumentarão sua distribuição. Constatamos que a área de aptidão no futuro para a maioria das espécies enquadra-se dentro dos limites de alguma área protegida. Porém, espécies que atualmente possuem distribuição restrita e que seu alcance potencial será reduzido tanto no cenário otimista quanto no pessimista precisam ser priorizadas para conservação. Este estudo fornece informações valiosas sobre a distribuição futura das espécies endêmicas de Manihot e mostra que a mudança climática pode ter um efeito potencial positivo ou negativo na distribuição geográfica das espécies. Também ajudam a compreender a distribuição das espécies e podem fornecer subsídios para ações de desenvolvimento de políticas públicas para a conservação de táxons e domínios fitogeográficos, especialmente aqueles que estão seriamente ameaçados.