Síndrome dolorosa miofascial, função do sistema descendente da dor e eficácia da estimulação elétrica intramuscular : ensaio clínico randomizado duplo-cego sham controlado exploratório

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Botelho, Leonardo Monteiro
Orientador(a): Caumo, Wolnei
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Dor
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/206576
Resumo: A síndrome dolorosa miofascial (MPS) é uma das causas mais prevalentes de dor crônica na população, provocando altos graus de incapacidade, sem normalmente responder ao tratamento analgésico conservador. Embora sua fisiopatologia não esteja completamente esclarecida, vários processos ocorrem tanto no tecido periférico quanto no nível do sistema nervoso periferico e central, levando a um processamento de neuroplasticidade mal adaptativa nas redes neurais da neuromatriz da dor, o que resulta na amplificação de sua percepção e na alteração comportamental observada em seus portadores. Evidências sugerem que existem três sistemas neurais primariamente envolvidos na dor da MPS: (i) o sistema corticoespinal; (ii) o sistema modulador descendente da dor: e (iii) o sistema regulador da neuroplasticidade. A estimulação elétrica intramuscular (IMES) é uma forma de estimulação neuromuscular periférica que promove aumento do fluxo sanguíneo regional, ativa centros relacionados ao processamento da dor e, de forma ascendente, também ativa as vias modulatórias da dor (efeito bottom-up). Nesta tese buscamos avaliar duas perguntas que deram origem a dois artigos: (1) se a disrupção do sistema modulador descendente da dor, aferida pelo CPM-task, correlaciona-se com disfunção na condução corticoespinal e desinibição no nível cortical, acessados pela Estimulação Magnética Transcraniana (TMS), e nível sérico do BDNF; e (2) avaliar os efeitos neuromodulatórios de 10 sessões de IMES comparados a intervenção sham em 24 pacientes do sexo feminino com idade de 18 a 65 anos, com dor crônica de origem miofascial do complexo craniocervicomandibular. Nossa hipótese era de que: (i) a disrupção do sistema modulador descendente da dor correlacionava-se com disfunção na condução corticoespinal, desinibição no nível cortical, e nível sérico do BDNF; (ii) que os efeitos neuromodulatórios da IMES se manifestariam como melhora clínica nos escores de dor e funcionalidade; e (iii) seus efeitos terapêuticos envolvessem mecanismos neuroplásticos implicados na secreção de BDNF, alteração da excitabilidade cortical e corticoespinal e potencialização do sistema modulador descendente da dor. RESULTADOS: (1) A análise MANCOVA, após ajuste para comparações múltiplas por meio do Teste de Bonferroni, revelou que os pacientes com disrupção do sistema modulador descendente da dor apresentaram maior Facilitação Intracortical (ICF; média ± DP) 1,43 (0,3) vs. 1,11 (0,12), maior excitabilidade do sistema corticoespinal (MEP; μV) 1.93 (0,54) vs. 1,40 (0,27), e níveis séricos de BDNF mais elevados (pg/Ml) 32,56 (9,95) vs. 25,59 (10,24), (p < 0,05 para todos), e (2) a análise de variância num modelo de efeito misto demonstrou redução nos escores de dor de -73,02% (IC95% = -95,28 to -52,30), e diminuição da disfunção em -43,19% (IC95%, -57,23 a -29,39), diminuição da excitabilidade corticoespinal (p=0,02), potencialização do sistema modulador descendente da dor ( p=0,01) e aumento dos níveis séricos de BDNF (p<0,01). Além disso, a magnitude do aumento do BDNF foi preditora dos efeitos nos níveis de dor e disfunção a longo prazo (Beta = 0,67; IC95% = 0,07 a 1,26). Esses achados sugerem que o enfraquecimento do sistema descendente inibitório da dor está associado ao aumento da ICF, MEP e níveis séricos do BDNF e o efeito bottom–up induzido pela IMES diminuiu a dor e reduziu a disfunção nessa amostra de pacientes. Esses efeitos podem ser mediados por melhora de mecanismos inibitórios corticoespinais. Outros achados sugerem que a magnitude do aumento do BDNF gerado pela IMES predizeram o impacto nos efeitos clínicos, ao longo de doze semanas, nessa população de pacientes.