Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Soares, Josias Gois |
Orientador(a): |
Fraga, Alex Branco |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/263187
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Resumo: |
A presente dissertação de mestrado tem por objetivo analisar os impactos de um projeto de educação antirracista desenvolvido nas aulas de Educação Física em uma escola de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, região de predomínio da cultura teutobrasileira. Este projeto pedagógico, intitulado “Cultura Urbana”1 , foi totalmente baseado nos princípios da Cultura Hip Hop e desenvolvido durante o período pandêmico, mais precisamente entre 3 de agosto de 2020 e 8 agosto de 2021. Durante o primeiro semestre, o projeto foi conduzido por dois professores de Educação Física e professoras de outras quatro disciplinas: Arte, Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Articulação e Saberes (pesquisa). Deste grupo, apenas um dos professores de Educação Física é negro. O projeto contou com a participação de 104 estudantes do 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental, com idades entre 11 e 16 anos, que em sua grande maioria não se autodeclaravam negros/as. Os conteúdos desenvolvidos a partir dos elementos do Hip Hop foram Break, Graffiti, moda, rimas, poesias, gírias, Rithm And Poetry (RAP) e o conhecimento, a história desse movimento em conexão com os seguintes temas: diáspora africana, abolição da escravatura, regime de segregação racial, luta por direitos civis, surgimento e expansão da Cultura Hip Hop (nos Estados Unidos da América e no Brasil). A materialidade empírica analisada foi composta por um compilado de trabalhos produzidos pelos/as estudantes que se envolveram no Projeto Cultura Urbana, entre eles: mensagens via WhatsApp, comentários no Facebook e no Instagram da escola, entrevistas realizadas em aula, trabalhos produzidos para as aulas (desenhos, fotos, vídeos, questionários), arquivo de fotos e vídeos registrados pelo professor, aulas gravadas via Google Meet e qualquer outro material que tenha sido produzido pelos/as estudantes durante o período no qual o projeto foi desenvolvido. Por se tratar de um compilado de materiais produzidos originalmente para fins didático-pedagógicos, contou com as devidas autorizações institucionais e dos responsáveis pelos/as estudantes envolvidos/as para sua utilização como material empírico da pesquisa de mestrado. Metodologicamente, a investigação seguiu os pressupostos da abordagem qualitativa, pois se caracteriza como uma pesquisa documental com a utilização de dados secundários como técnica de levantamento/aquisição de informações, que foram processados a partir dos princípios e procedimentos da Análise Temática. Foram analisadas apenas as produções dos/das estudantes auto-declarados não-negros/as, que participaram do projeto. Essa auto-declaração foi extraída do livro de registros dos/as estudantes no ato de matrícula dos/as responsáveis. Os principais resultados da análise empreendida permitem afirmar que o projeto conquistou feitos expressivos com estudantes que não se autodeclaravam negros/as: 1) resistência ao Projeto Cultura Urbana e à temática do racismo no início, 2) percepção do racismo e privilégio branco na construção da desigualdade étnico-racial, 3) valorização do Projeto Cultura Urbana e um posicionamento em relação ao racismo no final (de modo descontraído e engajado). Mesmo diante de todas as dificuldades impostas pelas restrições sanitárias decorrentes da pandemia, boa parte dos/as estudantes passou a refletir sobre as dissimetrias nas relações étnico-raciais enraizadas em nosso país, especialmente em relação aos privilégios da branquitude na produção das mazelas do povo negro. Apesar dos resultados positivos do projeto, conclui-se que é preciso mais iniciativas desse porte para a efetiva desconstrução do racismo estrutural e, por consequência, para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, a fim de que a escola possa contribuir para o processo de educação das relações étnico-raciais que não apenas promovam aprendizagens significativas para estudantes negros/as e brancos/as, mas que que levem à desconstrução do racismo estrutural e, por consequência, à construção de uma sociedade mais justa e igualitária. |