O conto machadiano : uma experiência de vertigem

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Pereira, Lucia Serrano
Orientador(a): Fischer, Luís Augusto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/14688
Resumo: O presente trabalho consiste na formulação, no desenvolvimento e exame da hipótese de que o conto de Machado de Assis produz um “efeito de vertigem”, desestabilização inquietante na leitura, corte com uma pretensa linearidade, e que, sustentamos, encontra-se ligado à estrutura da narrativa. O “efeito de vertigem” apresenta-se em contos que, podemos dizer, são representativos da força do estilo de Machado, por uma razão não qualquer – funcionam como “operadores de passagem”: a vertigem joga com continuidade/descontinuidade, fascínio/ perturbação, as simultaneidades, o enigma na lida com os limites, com o real, na ficção e na vida. Encontramos nos contos, na proximidade e em relação ao efeito de vertigem, o trato ficcional que põe em questão as descontinuidades fundamentais, interrogantes da condição humana – o sexo e a morte; as mesmas que configuram as perguntas que se colocaram para Freud, em toda sua obra, pelo viés da clínica psicanalítica. A verdade subjetiva tem íntima relação com a ficção, portanto escolhemos seguir examinando a proximidade da forma da narrativa machadiana com sua vertigem, do trabalho de Freud com as “passagens” na relação ao inconsciente (aqui ganha destaque a relação entre o chiste, a obliqüidade e a ironia) e da elaboração de Lacan com relação à estrutura do sujeito, com a topologia da banda de Moebius. Neste ponto, as teses de Ricardo Piglia sobre a forma do conto integram o exame sobre a estrutura, assim como a consideração do termo das “passagens” sobre as quais tanto trabalhou Walter Benjamin. A conclusão leva à consideração do “efeito de vertigem” como um princípio de composição (não chave de leitura) do conto, presente em contos que podemos situar como representativos da obra de Machado de Assis. Passagens paradoxais, lugares de trânsito dos enigmas que são transportados do imaginário social para a grande ficção, recorte de algo singular, mas que diz também de uma dimensão do coletivo de um contexto e de um tempo, via o “relâmpago” da forma conto, ao modo machadiano.