Efeitos do exercício aeróbico agudo nas nucleotidases solúveis no sangue de indivíduos adultos sedentários e fisicamente ativos

• Ano de defesa: 2021
• Autor(a) principal: Moritz, César Eduardo Jacintho
• Orientador(a): Oliveira, Álvaro Reischak de
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: Exercício físico; Adenosina; Inflamação; 5'-nucleotidase
• Palavras-chave em Inglês: Exercise; ATP; Adenosine; NTPDases; 5’-nucleotidase; Inflammation
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/258650

INTRODUÇÃO: O exercício físico é um importante componente para manutenção da saúde, atuando na prevenção e no tratamento de diferentes doenças. Os benefícios relacionados ao exercício físico são derivados de adaptações teciduais de curto e longo prazo, coordenadas por diferentes mecanismos de comunicação celular. Assim, o sistema purinérgico é um mecanismo de comunicação intercelular que participa da regulação de respostas inflamatórias, coagulatórias, vasculares e cardíacas. Dados prévios sugerem a atuação fisiopatológica e o potencial terapêutico da sinalização purinérgica em doenças cardiovasculares, metabólicas, neurológicas e oncológicas. Mesmo a sinalização purinérgica sendo um importante modulador de funções intimamente vinculadas ao exercício, sua ação nas respostas agudas e crônicas ao exercício é controversa, principalmente em populações com diferentes características antropométricas e metabólicas. OBJETIVO: 1) Revisar sistematicamente os efeitos de diferentes modalidades de exercício físico, agudo e crônico, na funcionalidade de enzimas purinérgicas de sujeitos saudáveis e não saudáveis; 2) Avaliar os efeitos do exercício aeróbico de intensidade moderada, na funcionalidade de enzimas purinérgicas solúveis e em todo o espectro do metabolismo ATP, no plasma sanguíneo de sujeitos sedentários eutróficos, sedentários com sobrepeso e fisicamente ativos. Além disso, investigar possíveis relações entre marcadores cardiometabólicos, inflamatórios e parâmetros purinérgicos. MÉTODOS: 1) A busca foi realizada em diferentes bancos de dados eletrônicos, MEDLINE, EMBASE, Cochrane Library e Web of Science para identificar ensaios clínicos randomizados, ensaios clínicos não randomizados, ensaios clínicos não controlados, estudos quaseexperimentais e pré e pós-intervenção. Dois revisores independentes realizaram a seleção dos estudos, extração de dados e análise da qualidade metodológica; 2) Vinte e quatro homens (n=24), com idades entre 20 e 30 anos, foram divididos em três grupos: 1) eutrófico sedentário (NWSED, n=8), 26.37±2.97 anos, índice de massa corporal (IMC) 23.40±2.01 Kg/m2 e consumo de oxigênio de pico (VO2PICO) 43.96±1.09 mL/Kg/min; 2) sobrepeso sedentário (OWSED, n=8), 25.75±2.91 anos, IMC 27.75±1.26 Kg/m2 , VO2PICO 38.82±2.48 mL/Kg/min; eutrófico fisicamente ativo (PHACT, n=8), 23.12±3.18 anos, IMC 23.65±1.20 Kg/m2 , VO2PICO 50.30±2.34 mL/Kg/min. Os voluntários participaram do nosso desenho experimental composto por dois dias; no primeiro dia os participantes realizaram uma entrevista para coleta do histórico clínico, hábitos alimentares e rotina de exercícios semanais, posteriormente era realizada a avaliação antropométrica e o teste cardiopulmonar máximo. No segundo dia, sete dias após a primeira visita, os participantes eram submetidos a trinta minutos de exercício em esteira rolante e intensidade de 70% VO2PICO. As coletas de sangue eram feitas em jejum ao chegar no laboratório, imediatamente após o fim do exercício e 1h após o fim do exercício. Foram mensuradas atividade das enzimas purinérgicas, níveis de adenosina 5’-trifosfato (ATP) e seu metabólitos, interleucina 1β (IL-1β), fator de necrose tumoral ⍺ (TNF-⍺), interleucina 8 (IL-8), interleucina 10 (IL-10), glicose, colesterol total (CT), triglicerídeos, lipoproteína de alta densidade (HDL) e lipoproteína de baixa densidade (LDL). Todos os resultados estão apresentados em média e desvio padrão (DP) e ⍺=5%. RESULTADOS: 1) Dos 203 artigos identificados pela estratégia de busca, doze foram incluídos nesta revisão sistemática, respeitando os critérios de inclusão e exclusão. Oito estudos reportaram que o exercício agudo, em sujeitos saudáveis e não saudáveis, elevou a atividade e/ou expressão das nucleotidases. Quatro estudos demonstraram uma diminuição na atividade das nucleotidases em plaquetas e linfócitos de paciente com síndrome metabólica, doença renal crônica e hipertensão, após diferentes protocolos de exercício crônico; 2) Imediatamente após o protocolo de exercício, os participantes apresentaram um aumento na hidrólise de ATP, ADP, AMP e p-Nph-5’-TMP, enquanto somente a hidrólise de AMP permaneceu aumentada 1h após o exercício. Os níveis plasmáticos de ATP e ADP diminuíram imediatamente e após 1h de exercício de forma similar em todos os grupos. Por outro lado, os níveis plasmáticos de adenosina e inosina aumentaram após o exercício, porém somente a adenosina permaneceu elevada 1h após o exercício. Em relação aos marcadores inflamatórios, o nosso protocolo de exercício aumentou significativamente os níveis de TNF-⍺ e IL-8 após o exercício, contudo apenas o TNF-⍺ continuou elevado após 1h. Nossas análises indicaram correlações significativas entre a atividade da 5’-nucleotidase, níveis de adenosina, VO2PICO, triglicerídeos, e os níveis de TNF-⍺ e IL-8. CONCLUSÕES: Os resultados obtidos com essa tese de doutorado indicam que a sinalização purinérgica participa, pelo menos parcialmente, nas respostas inflamatórias, trombóticas e cardiovasculares desencadeadas pelo exercício físico moderado e de alta intensidade. Em relação especificamente aos exercícios de intensidade moderada, as respostas das nucleotidases solúveis são similares entre indivíduos com diferentes características antropométricas e capacidade cardiorrespiratória.