Reprodução, desigualdade e políticas públicas de saúde : uma etnografia da construção do "desejo de filhos"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Nascimento, Pedro Francisco Guedes do
Orientador(a): Fonseca, Claudia Lee Williams
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/17216
Resumo: A tese discute como sujeitos de diferentes inserções socioeconômicas têm vivenciado o projeto de "ter um filho". Partindo da compreensão de que o "desejo" de ser mãe ou pai não é algo dado, mas construído socialmente, a pesquisa buscou mapear como esse desejo tem sido expresso e quais têm sido as alternativas criadas para sua consecução quando do enfrentamento da "dificuldade para ter filho". Considerando que o sofrimento gerado pela "ausência de filhos" só surge na medida da estimulação desse desejo, investigaram-se os processos pelos quais a noção de infertilidade enquanto categoria médica se consolida e o caminho pelo qual se dissemina no processo de medicalização da vida. A partir de investigação etnográfica em um hospital público que oferece serviços de reprodução assistida e em comunidades na periferia de Porto Alegre, pôde-se identificar como não é automática a transformação da "ausência de filhos" em um "problema de saúde". A percepção de formas diferenciadas de encarar a adoção, bem como o tipo de relação estabelecido com os serviços de saúde permite considerar que o acesso a saúde, de uma forma geral, não está desvinculado do acesso às tecnologias reprodutivas, de forma particular. Considerando a desigualdade econômica da sociedade brasileira e a estrutura desigual de acesso a serviços públicos de saúde, a tese problematiza o discurso de garantia de acesso a essas tecnologias por todos e mapeia as diferentes vozes que articulam esse discurso. Nesse processo a vontade das pessoas de terem filhos se mescla com os demais atores envolvidos como médicos, a indústria farmacêutica e o Estado a partir da definição das políticas de assistência à saúde.