Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Silveira, Carolina Hessel |
Orientador(a): |
Karnopp, Lodenir Becker |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/131069
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Resumo: |
A tese focaliza a temática do humor surdo, considerado como um componente da cultura surda. Busca seu aporte teórico nos Estudos Culturais e nos Estudos Surdos, além dos estudos sobre o humor. Sua questão central é: quais representações de surdos e características da cultura surda estão presentes em piadas que circulam nas comunidades surdas? Seus objetivos são analisar um conjunto de piadas consideradas clássicas pela comunidade surda, contrastando suas diferentes versões e identificando aspectos de humor preferentemente explorados. Principais critérios para escolha das piadas foram: ter personagens surdos e/ou temas da cultura surda; ter versão preferencialmente em Libras; apresentar mais de uma versão (de 4 a 6); ter tradição na comunidade surda. Foram analisadas 14 piadas, num total de 78 versões, com predominância de versões em vídeo, da internet ou de DVDs, mas também retiradas de material bibliográfico. A análise foi inspirada em pesquisadores da cultura surda (Strobel, 2009), do humor (Propp, 1992, Possenti, 1998; Bergson 1980), de representação (Hall, 1997), de identidade (Silva, 2000) e, especificamente, do humor surdo (Rutherford, 1983); Holcomb (1994); Renard & Lapalu (1997); Morgado (2011); Sutton-Spence & Napoli (2012). A análise qualitativa mostrou que a maioria das piadas apresenta temáticas relacionadas ao problema de comunicação, em situações em que o ouvinte não sabe Língua de Sinais. Neste caso, o humor atua no sentido de inverter os discursos correntes, em que os surdos são representados como tendo “dificuldade de comunicação”. Tais piadas integram a categoria “Rir dos outros”, em que a fonte do riso são as diferenças entre as experiências surdas e as experiências ouvintes. Nas primeiras, avulta o uso de línguas de sinais e a experiência visual, e o barulho não incomoda. Por outro lado, as piadas apresentam ouvintes atrapalhados com o uso da língua de sinais e/ou incomodados com o barulho. Rir dos ouvintes, dentro do chamado “riso de zombaria”, é frequente nas piadas. Elas manifestam também a importância da visibilidade, da experiência visual, com destaque para as vantagens de ser surdo, isto é, para o ganho surdo, que às vezes decorre de atitudes benevolentes de ouvintes, que são caridosos e não cobram dos surdos, ou do fato de que personagens surdos não são perturbados por barulhos e gritos. Outro grupo de piadas envolve o riso sobre coisas do próprio grupo, enquadradas na categoria “rir de nós mesmos”, abrangendo aquelas que apontam situações vantajosas ou situações que envolvem a urgência dos ouvintes em se livrarem da convivência com surdos. Também se enquadram nesta categoria piadas que exploram, de forma cômica, possíveis acidentes que uma comunicação com as mãos pode trazer, em função do espaço necessário para a realização dos sinais. As análises possibilitam concluir que as piadas surdas, algumas com décadas de tradição, além de provocarem riso, favorecem o sentimento de pertencimento a um grupo. Elas constituem parte da agenda de luta da comunidade surda, proporcionando alegria de viver e o fortalecimento do grupo e exercendo uma pedagogia cultural nesta comunidade, pedagogia relacionada à forma/necessidade/vontade de pertencimento ao grupo. |