Fazendo o neoliberalismo funcionar "dentro de nós" : um estudo sobre a atuação de organizações da sociedade civil sem fins lucrativos na forma(ta)ção docente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Knöpker, Mônica
Orientador(a): Costa, Marisa Cristina Vorraber
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/182610
Resumo: Inscrita no referencial teórico dos Estudos Culturais em Educação de vertente pós- estruturalista, esta pesquisa tem como objetivo examinar a pedagogia colocada em operação por organizações da sociedade civil sem fins lucrativos no nicho da formação de professores e os possíveis efeitos de verdade que ela pretende disseminar. Seu corpus empírico é composto por materiais disponíveis na Internet sobre o funcionamento dessas instituições e por documentos relacionados às cinco estratégias identificadas como formas de implementação de tal pedagogia, quais sejam: a) edição de prêmios e exaltação de experiências de sucesso; b) realização e/ou publicização de pesquisas; c) publicação de revistas, livros e outros documentos; d) participação em discussões sobre educação; e e) oferta de programas de formação e cursos independentes. A fim de analisar essa gama de materiais, busquei inspiração teórico-metodológica na produção foucaultiana sobre discurso. Afora contribuir nesse sentido, Foucault foi tomado como referência na realização das discussões sobre neoliberalismo e educação junto a autores como Ball, Peck, Gadelha, López-Ruiz, Sibilia e outros. Para abordar as organizações da sociedade civil sem fins lucrativos, recorri à Ferrarezi, Cassepp, Oliveira e Haddad. Já no que se refere à(s) pedagogia(s), busquei aporte teórico nos trabalhos de Costa, Camozzato, Andrade, Veiga-Neto, entre outros. A tese defendida em seu decorrer é que as organizações investigadas colocam em prática uma pedagogia a qual denominei de híbrida por resultar da combinação de características das pedagogias escolares e daquelas nomeadas como pedagogias culturais. Essa pedagogia híbrida produz sua própria necessidade, bem como opera no intuito de efetivar as aprendizagens almejadas por meio de processos cíclicos que tem como ponto de partida (e de chegada) modelos pré-estabelecidos pelas instituições que a implementam: de formação docente, no primeiro caso; e de professor, no segundo caso. Ademais, também faz parte dessa tese argumentativa a proposição de que a pedagogia sob análise, ao disseminar aprendizagens fortemente relacionadas a preceitos da lógica neoliberal, seria uma das formas de fazer o neoliberalismo funcionar “dentro de nós”, de ele “nos constituir”, como diz Ball (2014). Uma forma especialmente estratégica, porque, ao ter como foco a formação de professores, os investimentos para que os ideais neoliberais sejam internalizados são potencializados, visto que os efeitos dessa pedagogia não atingem apenas os docentes, mas também os estudantes com os quais ele trabalha, assim como, por meio deles, quiçá a sociedade como um todo. E, ao proporcionar que tal racionalidade funcione desse modo, a referida pedagogia contribui no sentido de reduzir a necessidade de estratégias exógenas do neoliberalismo no intuito de mantê-lo como lógica vigente.