Efetividade de intervenção educativa virtual para cuidadores familiares na capacidade de cuidar de idosos após acidente vascular cerebral: ensaio pragmático randomizado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Costa, Francine Melo da
Orientador(a): Paskulin, Lisiane Manganelli Girardi
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/279315
Resumo: Introdução: Frente à dependência funcional de idosos após um acidente vascular cerebral (AVC), os cuidadores familiares podem enfrentar a falta de conhecimento para realizarem os cuidados necessários no domicílio e a ausência de apoio para desenvolvimento de habilidades, o que pode levar a desfechos negativos, como maior sobrecarga e prejuízos para os idosos. Cabe ao enfermeiro, enquanto figura central para educação de cuidadores, pensar em diferentes estratégias visando a transição segura do cuidado oferecido no hospital para o realizado no domicílio. Uma das estratégias que têm sido desenvolvidas são as intervenções utilizando tecnologias virtuais. Objetivo: Analisar a efetividade de uma intervenção educativa virtual para cuidadores familiares na capacidade de cuidarem de idosos após AVC, comparado com orientações usuais no período de três meses após alta hospitalar. Métodos: Ensaio Pragmático (EP) Randomizado, desenvolvido no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Foram incluídos 58 cuidadores familiares com idade acima de 18 anos que exerciam o papel de principal provedor dos cuidados, não remunerados, a pacientes com 60 anos ou mais (de ambos os sexos), com diagnóstico médico de AVC na internação atual, atendidos no HCPA. Foram excluídos do estudo os cuidadores familiares que: (a) não tinham acesso à internet; (b) não estivessem aptos a acessar a intervenção virtual, verificado através do checklist de aptidão para acesso e navegação ao curso, elaborado para este estudo; (c) não tinham linha telefônica para contato; (d) estavam acompanhando idosos que fossem transferidos para instituições de longa permanência após a alta; (e) estavam acompanhando idosos que vieram a óbito, na fase de captação dos participantes do estudo. O desfecho primário foi a capacidade dos cuidadores informais para cuidar de idosos após AVC, verificado através da Escala de Capacidades do Cuidador Informal de Idosos Dependentes por AVC (ECCIID-AVC), e o desfecho secundário foi a sobrecarga do cuidador, avaliado através da Caregiver Burden Scale (CBS). Os desfechos foram avaliados no momento da avaliação basal, na internação hospitalar, e na avaliação final, 90 dias após a alta. A coleta de dados ocorreu de janeiro a novembro de 2023. O estudo foi cego para a avaliação dos desfechos. A intervenção multicomponente visou instrumentalizar o cuidador familiar para assistir o idoso nas atividades de vida diária (AVDs) após a alta, e foi realizada por duas enfermeiras, por meio de um curso massivo aberto e on-line (MOOC) contendo orientações de cuidado, além da realização de contatos telefônicos com os participantes em 7, 30, 60 e 80 dias após a alta hospitalar; para verificar o andamento do curso e sanar possíveis dificuldades. Também foi disponibilizada uma hotline para os participantes, atendida pelas enfermeiras. A intervenção teve duração de três meses. O controle recebeu as orientações usuais dos serviços de saúde. Foi adotada a técnica por intenção de tratar. Para avaliar o efeito da intervenção foi utilizado o modelo de Equações de Estimativas Generalizadas (GEE) complementado pelo teste Least Significant Difference (LSD). O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05), e as análises foram realizadas no programa SPSS, versão 27.0. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HCPA, CAAE: 59589922.0.0000.5327, e o protocolo de pesquisa foi cadastrado no clinicaltrial.gov sob identificação NCT05553340. Resultados: 29 participantes foram alocados 29 no grupo intervenção (GI) e 29 no grupo controle (GC). A amostra foi homogênea e os grupos diferiram estatisticamente apenas em relação ao parentesco (p=0,034), observada maior proporção de filhos no GC comparado ao GI. As características dos idosos sobreviventes de AVC foram semelhantes entre os grupos. Com relação ao efeito da intervenção, observou-se escores significativamente maiores no que se refere à administração dos medicamentos no GI (p=0,006) ao final da intervenção. Na comparação entre os grupos não houve diferença estatisticamente significativa na capacitação dos cuidadores (p=0,604). Em relação à sobrecarga, nas comparações dos domínios intragrupo houve redução estatisticamente significativa no domínio decepção no GI (p=0,011). Não houve diferença significativa entre os grupos (p=0,679), no período de acompanhamento. Conclusão: Este é o primeiro estudo, no Brasil, que propõe o uso do MOOC como ferramenta educativa para cuidadores familiares de idosos sobreviventes de AVC, representando um importante avanço da Enfermagem na construção de tecnologias educacionais digitais. A intervenção favoreceu significativamente os cuidadores do GI no que se refere à melhora da administração de medicamentos e à redução da decepção, domínio relativo à sobrecarga. É possível que a obtenção de alguns resultados homogêneos entre os grupos se deva ao fato de que os participantes foram recrutados em um hospital universitário e especializado no qual a transição de cuidado já faz parte da prática assistencial. É possível que a disponibilidade dessa intervenção em hospitais onde o preparo de alta ainda é incipiente, possa demonstrar efetividade em outros domínios de capacidade de cuidar e de sobrecarga. O curso será de livre acesso para outras instituições na finalização do estudo.