Educação transvalorizada e as iniciativas que brotam em meio às formas dominantes de organização

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Griner, Almog
Orientador(a): Lopes, Fernando Dias
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/174582
Resumo: As escolas de hoje possuem ainda forte herança da revolução industrial, com um viés assistencialista, visando “guardar” as crianças e prepará-las para o mercado de trabalho. No entanto, há escolas que buscam fugir deste modelo, encontrando em seu caminho fortes pressões homogeneizantes, seja de parâmetros curriculares de órgãos governamentais, de pressões mercadológicas e, até mesmo, dos pais de seus alunos. Mesmo existindo tais pressões, algumas escolas ainda desenvolvem a sua autonomia, encontrando práticas de gestão e educação próprias. Essa pesquisa busca olhar estas práticas – que demonstram aspectos de unicidade das escolas –, propondo-se a observar como emerge o novo em um ambiente marcado predominantemente por um pensamento tradicional, burocrático e empresarial. Para embasar esta análise, trazemos alguns elementos teóricos. Em primeiro lugar, discute-se o momento da educação no Brasil, questionando a lógica instrumental predominante a partir das visões de autores como Guerreiro Ramos, Tragtenberg e Prestes Motta. Em seguida, para analisar o surgimento de novas ações e práticas de gestão e educação, nos fizemos valer de autores que se pautam em uma abordagem processual, utilizando, portanto, o conceito de Campo Aberto de Robert Cooper (1976). O autor nos oferece a possibilidade de observar as organizações de forma mais compreensiva, em seus momentos de estrutura e processo, permitindo perceber como se dá a criação do novo. Como se resgatam coisas que estão em sua não forma, no latente, abstratas para o universo concreto, real, a circunstância literal. Isso se dá a partir das crises, rupturas, acasos, modelos abertos de mudança, como crescem e se desenvolvem os projetos de forma natural – da projeção à construção –, ou fazendo um caminho inverso Foi a partir desse subsídio teórico que esse estudo buscou três escolas brasileiras para conhecer e observar: Escola Waldorf Querência, em Porto Alegre – RS; Oga Mitá, no Rio de Janeiro – RJ; e Casa Escola, em Natal – RN. Para a análise de cada uma dessas escolas – que compuseram um estudo de casos múltiplos –, foram utilizados dados secundários a partir de pesquisa documental e dados primários coletados a partir de observação participante, diários de campo, entrevistas abertas e entrevistas semiestruturadas realizadas em três períodos: novembro e dezembro de 2016 na Escola Waldorf Querência; fevereiro e março de 2017 na Oga Mitá; e maio de 2017 na Casa Escola. Através da análise dos dados coletados, com o auxílio do software Nvivo, observou-se que as escolas estudadas valorizam o aspecto humano da educação, respeitando a individualidade dos alunos, assim como o cuidado com os profissionais da escola e os familiares dos estudantes. As três escolas mostram-se bastante abertas ao diálogo e à participação – de diferentes formas e intensidades Observou-se, ainda, que as práticas desenvolvidas nestas escolas repercutem na comunidade escolar fazendo com que haja, muitas vezes, uma ressignificação de sua compreensão do que é escola, que passa a ser visto como algo mais amplo e prazeroso. Por fim, ao se analisarem como surgem as práticas inovadoras, percebeu-se que estas escolas não se prendem tanto às imagens prévias e aos padrões, mostrando abertura para a emergência de novas práticas através de momentos de ruptura, crises, acasos, mudanças abertas, dentre outros, em uma clara alternância entre períodos de maior propensão à estrutura e outros que se inclinam ao processo. Ao analisarmos os casos da Querência, Casa Escola e Oga Mitá, percebemos que os novos elementos, práticas e ações que caracterizam estas escolas e as tornam diferentes das instituições que seguem linhas tradicionais, emergem dada sua capacidade de abrir-se à mudança, mantendo espaços de resistência ao mesmo tempo em que equilibram pressões diversas para conformarem-se.