Efeitos antinociceptivos do inibidor da xantina oxidase alopurinol : estudos experimentais e clínicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Fagundes, Aécio da Costa
Orientador(a): Schmidt, André Prato
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Dor
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/236291
Resumo: O alopurinol é um potente inibidor da enzima xantina oxidase, usado principalmente no tratamento de hiperuricemia e gota. Os efeitos antinociceptivos do alopurinol têm sido demonstrados em modelos de dor em roedores. O objetivo da presente tese de doutorado foi investigar os efeitos do alopurinol nos níveis de dor e ansiedade através de estudos experimentais e clínicos. Os resultados estão apresentados sob forma de artigos científicos. O primeiro artigo descreve um estudo experimental onde alopurinol, administrado via intraperitoneal, produziu efeitos antinociceptivos contra a hiperalgesia térmica e mecânica em um modelo tradicional de dor neuropática em camundongos. Neste trabalho, demonstramos que o antagonista seletivo do receptor de adenosina A1 DPCPX preveniu parcialmente a antinocicepção induzida por alopurinol. O alopurinol também causou um aumento nos níveis de algumas purinas no líquido cefalorraquidiano (LCR) de camundongos, incluindo os nucleosídeos inosina e guanosina, e diminuiu a concentração liquórica de ácido úrico. Em estudo clínico em humanos (artigo 2), a administração pré-operatória de alopurinol foi eficaz na redução nos escores de dor 2 horas após a cirurgia de histerectomia abdominal total quando comparados ao grupo placebo. Houve uma mudança significativa nas concentrações de xantina e ácido úrico no líquido cefalorraquidiano antes da cirurgia (p < 0,01), sem diferença observada nos níveis de outras purinas. Também foi investigado os efeitos do alopurinol na dor e ansiedade em mulheres com fibromialgia refratária à terapia convencional. Inicialmente, foi feito um estudo piloto (artigo 3) onde uma série de casos com 12 mulheres portadoras de fibromialgia receberam alopurinol oral 300 mg duas vezes ao dia por 30 dias. Como resultado deste estudo, a administração oral de alopurinol causou uma redução significativa da dor até 30 dias de tratamento. Nenhum efeito foi observado em relação aos escores de ansiedade. A seguir, frente ao resultado promissor deste estudo piloto, foi feito o ensaio clínico (artigo 4) com uma amostra de 60 mulheres, comparando a eficácia analgésica do alopurinol oral versus placebo como terapia adjuvante em pacientes com fibromialgia. Neste estudo, a administração oral de alopurinol 300 mg duas vezes ao dia foi ineficaz em melhorar os escores de dor medidos por várias ferramentas até 30 dias de tratamento. Além disso, não foi observado outro benefício da administração de alopurinol sobre a ansiedade, sintomas depressivos e estado funcional nestes pacientes. Nenhum efeito adverso significativo foi observado nos estudos clínicos (artigos 2, 3 e 4). Embora este estudo não tenha apresentado benefício do uso do alopurinol como tratamento adjuvante em paciente com fibromialgia, é válida a realização de novos ensaios clínicos, abrangendo amostras maiores com acompanhamento em longo prazo para esclarecer o seu papel em diferentes condições dolorosas agudas e crônicas, visto o seu conhecido perfil de segurança e os resultados promissores em estudos prévios.