A herança simbólica na produção da escolarização não-linear

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Campos, Iris Fátima Alves
Orientador(a): Schäffer, Margareth
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/284838
Resumo: Esta pesquisa investiga a ocorrência de trajetórias de escolarização-não-lineares enquanto algo familiar para os habitantes da periferia colonial-urbana de Ijuí (RS), em contraposição à escolarização linear presente à população dos centros urbanos. No primeiro capítulo são apresentados os referenciais freudo-lacanianos, em diálogo com a Sociologia, através das idéias de Pierre Bourdieu, que embasam a pesquisa; o referencial permite tomar o objeto da pesquisa como uma construção social, onde os fatores subjetivos se fazem presentes e preponderam sobre os demais. A hipótese que se estabelece é a de que as trajetórias não-lineares de escolarização são recorrentes na periferia colonial-urbana, em razão da filiação aos ideais paternos, forjados na tradição rural, uma vez que o sujeito produz sua existência e configura os laços que estabelece com o social, a partir das falas que o constitui. No segundo capítulo constrói-se o referencial metodológico que fundamenta o trabalho de campo, estabelecendo os limites da operação de interpretação psicanalítica em situação de pesquisa, tomando a máxima da psicanálise que é dar lugar à palavra. A opção metodológica , tomada das Ciências Sociais, foi por entrevistas focais com famílias de alunas de uma escola estadual, e versaram sobre as razões que as levaram , num primeiro momento, a interromper os estudos e, num segundo momento, a retornarem à escola.O terceiro capítulo permite o desenvolvimento da hipótese, situando a constituição psíquica do sujeito a partir da relação com o Pai, instância com a qual estabelece uma dívida simbólica pela ascensão à posição desejante. Cada ação humana pode ser considerada uma re-edição dos vínculos simbólicos com esta instância terceira e a posição positiva que o sujeito pode assumir consiste em mobilizar-se diante do herdado, conquistando-o. . Dois conjuntos de enunciados parentais em torno da escolarização e característicos de habitus distintos são apresentados. Neste capítulo as entrevistas são apresentadas na íntegra. A análise dos depoimentos, no quarto capítulo, permite conhecer os enunciados que circularam e circulam nas famílias, através dos quais constata-se que fatores de ordem cultural captados do discurso paterno provocaram a interrupção dos estudos, porém com a migração do campo para a periferia urbana novos significantes se inscreveram no universo destas pessoas, especialmente pela penetração do discurso do Mercado, mobilizando-as a retornarem à escola, além de sustentar a escolarização linear da terceira geração, sem que a linearidade da transmissão simbólica se rompesse. No capítulo final, defendo a idéia de que ao psicanalista- em setting de psicologia escolar- cabe compreender a escolarização-não-linear como um movimento subjetivo, estando atento à história e ao habitus que envolve as pessoas e ao tempo lógico necessário para que se mobilizem desde a herança simbólica.