Ensaios clínicos de intervenções baseadas em mindfulness (IBM) para promoção da saúde em populações vulneráveis : policiais e imigrantes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Trombka, Marcelo
Orientador(a): Rocha, Neusa Sica da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/221668
Resumo: As Intervenções Baseadas em Mindfulness (IBMs) são uma estratégia importante para promoção da saúde, no entanto, a escassez de dados de efetividade entre algumas populações representam uma limitação deste campo de pesquisa. Policiais e imigrantes são duas populações vulneráveis que sofrem de disparidades significativas em saúde e uma variedade de fatores de estresse, apresentando alto risco para transtornos de saúde mental, como depressão e ansiedade, bem como para comportamentos nocivos em saúde e pior qualidade de vida. Esta tese tem como objetivo geral avaliar a efetividade das IBMs para promoção da saúde nas duas populações supracitadas e é composta por dois estudos (#Artigo 1 e #Artigo 2). No primeiro, foi conduzido um ensaio clínico randomizado (ECR) e multicêntrico com três pontos de avaliação (pré-intervenção, pós-intervenção e seguimento de seis meses) em que policiais brasileiros de Porto Alegre e São Paulo foram randomizados para o Programa Mindfulness-Based Health Promotion (MBHP) (n=88) ou para Lista de Espera (n=82) e os desfechos de sintomas de depressão e ansiedade, qualidade de vida (QV) e religiosidade foram avaliados, bem como a viabilidade do MBHP e os mecanismos de mudança. O segundo estudo avaliou a viabilidade, aceitabilidade, aspectos culturais e a efetividade preliminar do Programa Mindfulness Training for Primary Care (MTPC)-Português em desfechos de saúde mental (sintomas de depressão e ansiedade), autorregulação (regulação emocional, mindfulness, autocompaixão, consciência interoceptiva) e para início de mudança de comportamentos em saúde entre imigrantes de Língua Portuguesa na área de Boston (n = 30), através de um ensaio clínico aberto não-controlado com avaliações pré- e pós- intervenção. O Estudo #1 demonstrou que, ao ser comparado com o grupo da Lista de Espera, o grupo MBHP exibiu melhora na QV e em sintomas de depressão e ansiedade tanto na avaliação de pós-intervenção (QV d=0,69 a 1,01; depressão d=0,97; ansiedade d=0,73) quanto no seguimento de seis meses (QV d=0,41 a 0,74; depressão; d=0,60; ansiedade d=0,51), além de aumentar a religiosidade não organizacional na pós-intervenção (d=0,3; tamanho do efeito pequeno). O tamanho do efeito considerando pós-intervenção e seguimento de 6 meses variou entre médio e grande para sintomas de depressão e ansiedade e entre pequeno e grande para qualidade de vida. Mudanças na autocompaixão mediaram a relação entre o grupo e as diferenças pré e pós-intervenção para todos os domínios e facetas de QV. Além disso, mindfulness e espiritualidade moderaram o efeito do grupo na faceta de saúde geral da QV na pós-intervenção. Os resultados do #Estudo 2 demonstraram que os pacientes exibiram reduções nos sintomas de depressão (d=0,67; p <0,001; tamanho do efeito médio a grande) e ansiedade (d=0,48; p=0,011; tamanho do efeito médio), bem como melhora da regulação emocional (d =0,45; p=0,009; tamanho do efeito pequeno a médio) e, entre aqueles que responderam os questionários, 50% começaram uma mudança de comportamento em saúde por meio do início do plano de ação. Todos os participantes que responderam aos questionários recomendariam o MTPC-Português a um amigo, acharam o Programa útil e classificaram o Programa como “muito bom” ou “excelente”. Além disso, 93% dos pacientes participariam novamente. Os participantes e facilitadores forneceram “feedback” para refinar a responsividade cultural do MTPC-português em relação a linguagem dos materiais, local, tempo, comida e aspectos comunitários. demonstrando, dentro do nosso conhecimento, a primeira evidência empírica baseada em um ECR que, entre policiais, uma IBM de 8 semanas: (1) reduz sintomas de depressão, (2) diminui sintomas de ansiedade, (3) melhora todos os domínios e facetas de QV, (4) mantém os benefícios em depressão, ansiedade e QV após seis meses, (5) aumenta a religiosidade não-organizacional, (6) apresenta autocompaixão como uma variável mediadora para a melhoria em todos domínios e facetas da QV, (7) exibe mindfulness e espiritualidade como variáveis moderadoras para o incremento na faceta de saúde geral da QV na pós-intervenção, (8) é viável no ambiente policial brasileiro (Estudo #1); e também apresenta a primeira evidência de que um IBM de 8 semanas é (9) viável, (10) aceitável, (11) culturalmente apropriada, e pode diminuir (12) sintomas de depressão, (13) sintomas de ansiedade, (14) facilitar a mudança de comportamentos em saúde e (15) melhorar a regulação emocional entre imigrantes de Língua Portuguesa (Estudo #2). Os resultados desta tese são valiosos, expandindo o corpo de evidência dos benefícios das IBM ao incluir duas populações vulneráveis e oferecendo “insights” sobre como as IBM funcionam, possíveis adaptações e na sua disseminação para o mundo real de policiais e imigrantes.