Monstrinhos e monstros : o castigo do corpo infantil na sociedade contemporânea

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Machado, Elisabeth Mazeron
Orientador(a): Santos, José Vicente Tavares dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/142458
Resumo: Esta pesquisa analisa violência física contra crianças, nas suas diferentes manifestações rotineiras e em seu modo de reprodução da sociedade. A violência física é compreendida como uma prática cotidiana na qual adultos dispõem do corpo da criança, seja na “palmada educativa”, seja nas violências ou no abuso sexual. A violência se apresenta de múltiplas formas: de Estado, contra o Estado, simbólica, nas relações familiares e nos diversos processos de disciplinarização. Nesta última forma, é onde residem as violências sobre o corpo, que podem ser observadas em diferentes sociedades, diversos processos sociais e, podem até constituírem-se em ‘marcas’ de cada sociedade. É nesta perspectiva que esta tese se fundamenta, sobre a compreensão das formas de disciplina que incidem violentamente no corpo infantil. Os discursos sobre a violência contra crianças são a matéria-prima considerados como fonte de pesquisa para a realização desta tese. Para tal foram analisados: 1) A criança em toda a sua complexidade, seu lugar social, as representações construídas, os discursos produzidos sobre ela e sua história; 2) Os discursos da literatura, onde a violência contra a criança se apresentava; 3) O discurso da mídia, a violência contra a criança no jornal, especificamente, a campanha “O Amor É a Melhor Herança. Cuide das Crianças”, veiculada no jornal Zero Hora, de Porto Alegre/RS, nos anos de 2003-2004; 4) O discurso da Lei, com todo o debate legislativo que resultou na promulgação da Lei 13013/2014, a Lei Menino Bernardo ou Lei da Palmada; 5) O discurso da clínica, onde são apresentadas quatro histórias de crianças atendidas em psicoterapia, por ordem judicial, no Conselho Tutelar de uma cidade do interior do estado do Rio Grande do Sul. Compreendemos que discursos trazem em si práticas, neste caso, práticas que incidem sobre o corpo do infante. Sobre estes corpos, o discursoprática produz um efeito de subjetivação ou sujeição onde a posse e o domínio aparecem sob a égide da disciplina. Ao final desta tese, concluiu-se que a permanência do castigo corporal no processo educativo denota a privatização da família e a impossibilidade da formulação de políticas eficazes para conter estas práticas e por estas razões permanece no processo de socialização primária das crianças.