A construção da autonomia através das relações com os mercados : um estudo sobre as estratégias de comercialização no Assentamento Ander Rodolfo Henrique na região oeste do Paraná

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Souza, André Luiz de
Orientador(a): Schneider, Sergio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/283165
Resumo: Esta pesquisa analisa as relações mercantis e a construção da autonomia de unidades produtivas familiares situadas em assentamentos da reforma agrária no estado do Paraná. A inserção dos agricultores assentados nos mercados representa uma etapa crucial para a sua plena participação na divisão social do trabalho, uma vez que implica criar oportunidades de acesso a canais de comercialização que trazem como retorno a viabilidade econômica de seus empreendimentos e o acesso a bens de consumo necessários à sua reprodução social. Apesar de sua relevância, a análise do processo de interação dos agricultores assentados nos mercados tem sido pouco estudada. Em vista disso, o foco desta tese recai sobre a análise das relações dos agricultores com os mercados a partir do entendimento dos canais de venda da produção. A análise realizada demonstrou que essa relação pode variar de acordo com fatores tais como o tamanho da família e a idade de seus membros, o processo de produção e os cultivos praticados, o acesso à informação, as relações com compradores e outros. Não há, desse modo, um modelo único de negócios e nem uma estratégia geral que se aplica a todas as famílias, tendo em vista que a inserção nos mercados é heterogênea e segue condicionantes que podem gerar assimetrias de poder e de posição social. Essas características tornam o estudo dos mercados um fato social de interesse sociológico. A hipótese da pesquisa foi de que a construção de mercados e o acesso aos canais de comercialização influenciam a autonomia dos indivíduos e das famílias de assentados, com implicações analíticas e políticas. O objetivo geral da tese foi, desse modo, analisar a estrutura e o funcionamento dos mercados, explorando as estratégias de comercialização utilizadas pelos agricultores familiares que residem no assentamento Ander Rodolfo Henrique no Paraná. Os dados empíricos foram coletados no Assentamento Ander Rodolfo Henrique, localizado no município de Diamante d’Oeste, na região Oeste do estado do Paraná, que contém 108 famílias assentadas. A metodologia empregada foi, ao mesmo tempo, descritiva e exploratória, com foco na análise de como se estruturam os diferentes tipos de mercados, assim como explicativa e causal, abordando o funcionamento dos canais de comercialização. Os resultados obtidos permitiram identificar e caracterizar os canais de comercialização utilizados pelos assentados mediante a elaboração de uma tipologia da diversidade dos mercados acessados. A análise dos dados demonstrou que a autonomia consiste em um processo de construção de capacidades mediante a mobilização e o uso de recursos materiais e intangíveis nas relações dos assentados com os mercados, mediante as quais se criam as condições para que os indivíduos e as famílias ampliem seu poder de escolha e de tomada de decisão diante dos condicionantes que cercam a sua existência social. Por fim, a pesquisa também revelou que há baixa diversidade dos canais de comercialização disponíveis para os produtos agrícolas, com destaque para a venda em mercados do tipo convencional, seguidos dos de proximidade e institucional. Verificou-se que a expressiva dependência dos canais de tipo convencional na comercialização cria relações de subordinação que restringem a opções de escolha e a própria autonomia dos agricultores familiares assentados. Os agricultores que não diversificam os canais de comercialização se sujeitam aos interesses de agentes econômicos externos, o que conduz à conclusão de que a capacidade de agir dos agricultores é comprometida pela predominância das estruturas de mercados convencionais no assentamento, complicando as estratégias para o estabelecimento da autonomia de mercado e reduzindo a agência e a resiliência das famílias de agricultores assentadas.