Efeitos do poluente atmosférico material particulado fino (MP₂,₅) sobre o desenvolvimento da aterosclerose : parâmetros de ativação macrofágica e disfunção endotelial vascular

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Beber, Lílian Corrêa Costa
Orientador(a): Guma, Fátima Theresinha Costa Rodrigues
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/277175
Resumo: A hipercolesterolemia é um fator de risco clássico para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Além disso, a exposição ao poluente atmosférico Material Particulado Fino (MP0,1 – 2,5 μm) também tem emergido como um perigo para o desenvolvimento da aterosclerose. Uma vez inalado, o MP2,5 pode atingir a circulação sanguínea e causar efeitos sistêmicos, que incluem o comprometimento da vasodilatação dependente de óxido nítrico (NO), por induzir estresse oxidativo. No lúmen vascular, as partículas de MP2,5 são englobadas por monócitos, que podem reagir via polarização do seu fenótipo para um majoritariamente pró-inflamatório em condições estressoras. Com isso, as células do endotélio vascular ficam sob o efeito do poluente, e de mediadores parácrinos. Tendo isso em consideração, visamos analisar os efeitos do MP2,5 sobre o desenvolvimento de lesão endotelial vascular, com foco nos macrófagos e nas células endoteliais como mediadores desse processo. Dada a coexistência dos fatores de risco, também buscamos avaliar se o MP2,5 pode desempenhar efeitos agravantes sobre a hipercolesterolemia. Para tal, procedemos com a extração parcial do MP2,5 dos filtros coletados na Gávea, RJ, Brasil, em tampão salina. Essa suspensão foi submetida a ultrassonicação e centrifugação, para obtenção do sobrenadante denominado solução concentrada (SC). Então, a SC foi analisada quimicamente por Espectrometria de Massa por Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-MS) e diluída nas concentrações de interesse. A exposição camundongos CF-1 ao poluente mostrou intenso papel do MP2,5 em comprometer o metabolismo do NO, principalmente via estresse oxidativo e inflamação. Em concordância, a exposição direta de células endoteliais da linhagem EOMA ao poluente, resultou em redução da disponibilidade de NO apesar da expressão e ativação da óxido nítrico sintase endotelial (eNOS). Encontramos efeito pró-inflamatório do poluente sobre o modelo animal, sobre o qual constatamos contribuição dos macrófagos como produtores de fatores oxidantes e inflamatórios. Ao expormos macrófagos da linhagem RAW264.7 ao MP2,5, encontramos características morfológicas, fagocíticas, oxidativas e inflamatórias, condizentes com a adoção de um fenótipo reativo, que favoreceu o acúmulo de triglicerídeos e a formação de células espumosas. Além disso, o secretoma dos macrófagos foi suficiente para comprometer a integridade da lâmina endotelial, via redução da viabilidade da linhagem EOMA, apesar dos mecanismos contra regulatórios ativados pelas células, como o aumento na disponibilidade de NO, possivelmente devido ao estímulo a defesa antioxidante. Por fim, ao associarmos a exposição ao MP2,5 a hipercolesterolemia em modelo animal, constatamos sinergia entre ambos os fatores de risco. A dieta hipercolesterolêmica alterou o metabolismo lipídico e hepático independentemente do poluente, enquanto o segundo fator de risco agiu majoritariamente sobre parâmetros oxidativos e inflamatórios. Assim, a combinação de ambos resulta no cenário perfeito para desenvolvimento e agravo de lesões ateroscleróticas. Com isso, nossos resultados corroboram a hipótese de que o MP2,5 tem potencial aterogênico por agir sobre células endoteliais e macrófagos, e que pode exacerbar condições de risco pré-existentes.