Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Franco, Bianca Vasconcelos do Evangelho |
Orientador(a): |
Oliveira, Tobias Espinosa de |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/273204
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Resumo: |
Um chavão costumeiramente difundido é de que somos produto de nossas experiências. Menos destacado, no entanto, é o fato de que as pessoas, quando submetidas a uma mesma experiência, podem reagir de modo muito distinto. A literatura mostra, por exemplo, que uma reprovação pode tanto provocar nos(as) estudantes a desistência de um curso como pode fomentar o engajamento nas disciplinas para que consigam superar o desafio de se diplomar. Estudantes são agentes que ativamente avaliam, reagem e refletem sobre suas experiências, atribuindo sentido a elas. Desse modo, a tese que defendemos nesta pesquisa é: A intenção de persistência de estudantes universitários é influenciada pelo sentido que eles(as) atribuem às experiências mais significativas do curso, e esses sentidos são construídos a partir dos processos autorregulatórios desencadeados nessas experiências. Com o intuito de dar suporte a essa tese, realizamos um estudo empírico e uma proposta de ação de fomento à persistência, por meio dos quais buscamos responder à seguinte questão geral de pesquisa: Como os sentidos atribuídos para as experiências universitárias de reprovação influenciam a intenção de persistência dos(as) estudantes? Como atividades de fomento à persistência pautadas na antecipação e ressignificação das experiências universitárias podem influenciar os sentidos construídos/atribuídos e, consequentemente, a intenção de persistir? Nos amparamos então, no Estudo I, no conceito de autorregulação para investigar: i. os principais sentidos (que resultam da mobilização de subfunções autorregulatórias de autoavaliação, atribuição causal e autorreação) que os(as) estudantes de graduação (Bacharelado e Licenciatura) em Física ou em Ciências com ênfase em Física atribuem às experiências de reprovação, e ii. como a autorregulação acadêmica e o sentido atribuído à reprovação influenciam na intenção de persistir nos cursos. Com base nas correlações identificadas entre autorregulação e intenção de persistência, planejamos e implementamos, uma ação de fomento à persistência pautada pela sistematização de atividades dirigidas para o Programa de Mentoria do IF/UFRGS, avaliando as implicações de tais atividades na intenção de persistência dos(as) participantes, bem como nos processos autorregulatórios e de ressignificação do sentido atribuído às experiências de reprovação. Cabe destacar que tomamos o sentido como a parte conotativa dessas experiências, de modo que ele envolve aspectos subjetivos, culturais, emocionais, sendo a atribuição de sentido um processo dinâmico, crítico, cíclico e iterativo. Ao atribuírem sentido às experiências, os indivíduos mobilizam processos autorregulatórios, ou seja, mobilizam subfunções com o objetivo de regular seus comportamentos e metas a partir de ações autogeradas. Para investigarmos a autorregulação e suas subfunções, nos embasamos na Teoria Social Cognitiva de Albert Bandura e nos modelos de autorregulação da aprendizagem de Barry Zimmerman e Pedro Rosário. Para analisar os elementos que influenciam na intenção de persistência dos(as) estudantes, fomos dirigidos pelo modelo interacionista de Vincent Tinto, que propõe que experiências vivenciadas no âmbito acadêmico e social da instituição, assim como a integração e o envolvimento dos(as) estudantes nesses espaços, influenciam a intenção de persistir ou evadir do curso. De acordo com Tinto, a persistência do(a) estudante é uma manifestação da motivação para persistir, e essa, por sua vez, é influenciada por um conjunto de construtos, quais sejam: i. crenças de autoeficácia; ii. senso de pertencimento; e iii. percepção da relevância curricular. No Estudo I, alinhados com a perspectiva de estudo de caso exploratório de Robert Yin, investigamos um grupo de 140 estudantes de cursos de Bacharelado e Licenciatura em Física ou com ênfase em Física, afiliados(as) a Universidades Federais ou Comunitárias, bem como Institutos Federais. Os dados foram coletados por meio de um questionário on-line e analisados em etapas qualitativas e quantitativas. Os resultados desse primeiro estudo evidenciaram que os(as) estudantes, ao passarem por experiências de reprovação, tendem a realizar autoavaliações negativas (e.g., atreladas à incapacidade, não pertencimento, fracasso) que resultam em percepções negativas sobre essa experiência, ou seja, o sentido dessa reprovação passa a ser compreendido como algo negativo. Nossas análises também indicaram que estudantes que atribuíram suas reprovações a causas individuais tenderam a autorreações positivas, demonstrando ter ressignificado o sentido negativo dessa experiência e persistido no curso. Já aqueles(as) que atribuíram suas reprovações a causas intrínsecas ou institucionais, em geral, tiveram reações negativas, demonstrando menor intenção de persistência. Além disso, constatamos que, assim como os construtos propostos no modelo de Tinto, a autorregulação, a autoeficácia para autorregulação e os sentidos que os(as) estudantes atribuem às suas experiências de reprovação (resultantes da mobilização de subfunções autorregulatórias de autoavaliação, atribuição causal e autorreação) também apresentam correlação estatisticamente significativa e moderada com a intenção de persistência dos(as) estudantes no curso. Com base nos resultados obtidos no primeiro estudo, planejamos, executamos e avaliamos uma ação de fomento à persistência, relatando as possíveis implicações da sistematização dessas atividades dirigidas para o programa de mentoria do IF/UFRGS, no semestre letivo de 2023/1. Essa ação contou com a participação de nove mentores(as) e 11 mentorandos(as). No decorrer das atividades, coletamos dados por meio de gravações de áudio e vídeo dos encontros propostos, bem como por meio de questionários de caráter qualitativo, aplicados durantes as atividades, e entrevistas com sete mentorandos(as) que haviam participado de dois ou mais encontros. Os relatos dos(as) estudantes evidenciam que as atividades implementadas, dirigidas para o programa de mentoria do IF/UFRGS, podem influenciar, por meio da modelação social e da reflexão sobre o self, os construtos preditores da persistência, bem como na ressignificação do sentido atribuído à experiência de reprovação. |