Formas de conhecer em educação especial : Discurso médico e vida ordinária na escola

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Lima, André Luís de Souza
Orientador(a): Vasques, Carla Karnoppi
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/178283
Resumo: A dissertação, a partir de oito pequenos ensaios, busca questionar a pertinência e a preeminência do discurso médico em relação ao saber do professor e ao trabalho em sala de aula, propondo a discussão dos seus efeitos e aventando uma alternativa epistêmica e discursiva fundamentada na experiência do ordinário. O escritor francês Georges Perec – no pequeno ensaio Aproximações do quê? e na obra A vida, modo de usar – alerta sobre o potencial das descrições da vida ordinária e exibe tal atitude de interrogar o habitual e vê-lo como portador de informações sobre nós mesmos. No âmbito do pensamento filosófico, o trabalho tardio de Wittgenstein refere-se ao desejo por generalidades e desprezo pelo caso particular como estando na base de obscuridades filosóficas. Além disso, os argumentos contrários à tese de que sentenças a respeito de eventos mentais são redutíveis a sentenças sobre estados neurofisiológicos também nos conduziram ao que é ordinário, comum, habitual. Para perfazer esse argumento, servimo-nos do acervo gerado por um curso de extensão universitária para professores de atendimento educacional especializado e de sala de aula regular envolvidos com alunos considerados público-alvo da educação especial. O principal dispositivo dessa formação era construir narrativas sobre a vida escolar, escritas e recebidas como se fossem cartas. Uma vez acionado o artefato ordinário da carta – e evocada, por meio dela, uma potência do cotidiano, do senso comum como forma de saber –, algo distinto das maneiras tradicionais de conceber o que é conhecimento na educação especial e nos processos inclusivos parece deixar-se perceber, refundando, talvez, os termos do compromisso com a prática pedagógica. Escapar ao reducionismo do pensamento naturalista, do qual participa o ideal médico, passa por outra forma de construir conhecimento em educação e pelo fortalecimento da figura do professor. Estão em jogo diferentes perspectivas epistemológicas cujos desdobramentos são também éticos e políticos.