Jabs, diretos, low kicks e duble lags no processo civilizador : uma leitura elisiana das artes marciais mistas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Mariante Neto, Flávio Py
Orientador(a): Stigger, Marco Paulo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
MMA
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/153321
Resumo: Esse trabalho tem o objetivo de compreender aspectos simbólicos envolvidos no universo das artes marciais mistas. A partir de uma vivência no mundo das lutas, identifiquei alguns discursos sobre violência que permeavam os conceitos sobre o esporte. Em vista disso, construí um histórico sobre as artes marciais mistas e as suas relações com a sociedade em que se constituiu. Elenquei, assim, três elementos basilares dentro desse contexto, quais sejam: as academias, os eventos e a mídia. Para inserir um olhar teórico para esse fenômeno, me utilizei da teoria do processo civilizador, de Norbert Elias. Dessa base teórica e da identificação dos discursos sobre as artes marciais mistas, surgiu o problema de pesquisa, que tem objetivo de compreender como um esporte que tem um discurso de violência tão forte consegue se estabelecer socialmente. Para respondê-lo, os pressupostos teórico-metodológicos se basearam no olhar configuracional elisiano. A partir desse conceito, foi realizada uma etnografia em uma academia de MMA e a observação de eventos em Porto Alegre, no interior do Rio Grande do Sul e em outros estados do Brasil. Além disso, foram feitas observações do programa TUF Brasil para a análise de mídia. Os dados produzidos culminaram com a feitura de três capítulos de resultados. O primeiro deles mostra a rotina de treinamento de lutadores de MMA, as técnicas utilizadas, os tipos de modalidades treinadas e alguns elementos simbólicos como o “irmão de treino” a “família”. Nesse tópico, também são mostrados os sentidos da violência naquele contexto e quais os mecanismos de controle são utilizados para a construção do lutador. No segundo capítulo, é abordado o processo de espetacularização do MMA Iniciando pela perda de peso na academia, passando pelo dia da pesagem, a relação com os patrocinadores, com os promotores de evento e com os adversários. Ainda nesse capítulo são apresentadas as estruturas que compõe um evento de artes marciais mistas: o anouncer, o card preliminar, o card principal e a reação do público durante as lutas. Mais uma vez a violência é discutida como um dado de campo. Os mecanismos de controle como a diminuição do sangramento do atleta e a proibição das cotoveladas em alguns eventos são estratégias dos promotores de afastamento da ideia de violência e aproximação do conceito de esporte. Estratégias muito semelhantes são discutidas no último capítulo dos resultados. O programa escolhido foi o The Ultimate Fighter. A primeira parte do tópico se pauta em apresentar as rotinas de treinos, as equipes, a relação com as modalidades de luta e com os treinadores. A partir disso, apresento os ‘dramas’ transmitidos pelo programa em um processo que denominei de ‘humanização do lutador’. Aqui são apresentadas a sua relação com a família, os dramas das lesões, e sua relação com o meio profissional do MMA. Concluo, então, que o MMA é permeado por mecanismos de controle que se materializam nas academias, nos eventos e na mídia. Sendo assim, o esporte se mantém a partir de tensões e redirecionamentos no sentido de causar uma tensão/excitação agradável nos indivíduos.