Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Lacerda, Filipe Ferrari Ribeiro de |
Orientador(a): |
Stein, Ricardo |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/276609
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Resumo: |
Fundamento: O eletrocardiograma de repouso de 12 derivações (ECG-12) é essencial na avaliação pré-participação (APP) de atletas. No entanto, a prevalência de achados do ECG-12 em jogadores de futebol brasileiros de diferentes etnias é desconhecida. Objetivos: Estudo 1: Comparar a prevalência do padrão “Africano/Afro-Caribenho”, caracterizado por inversão da onda T nas derivações V1-V4 precedida por elevação convexa do segmento ST, entre jogadores negros e pardos, avaliando os resultados do ecocardiograma (ECO). Estudo 2: Investigar a prevalência de ECG-12 anormais e associá-los a exames de imagem (ECO e, em alguns casos, ressonância magnética cardíaca [RMC]) em jogadores de futebol brasileiros de diferentes etnias. Estudo 3: Comparar a prevalência de achados normais do ECG-12 nesta mesma amostra de atletas. Métodos: Estudo observacional multicêntrico com 6.125 jogadores do sexo masculino (15-35 anos de idade) de 82 clubes profissionais das cinco regiões do Brasil (18 estados e 56 cidades). Os exames foram realizados como APP entre 18 de fevereiro de 2002 e 18 de setembro de 2023. Resultados: Um total de 2.496 brancos, 2.004 pardos e 1.625 negros foram incluídos. No Estudo 1, observamos uma frequência mais acentuada do padrão “Africano/Afro- Caribenho” nos jogadores negros (1,8%) em comparação com jogadores pardos (0,3%), com razão de prevalência de 5,96 (P < 0,0001). Os resultados ecocardiográficos foram normais em ambos os grupos. No Estudo 2, 180 (3%) jogadores apresentaram um ECG- 12 anormal, sendo que 176 (98%) evidenciaram ECO normal. Os atletas negros exibiram uma maior prevalência de inversão da onda T nas derivações V5 (2,9%) e V6 (2,1%) em comparação aos atletas brancos (1,2% e 1,0%) ou pardos (1,5% e 1,2%), respectivamente. Dos 75 atletas com inversão da onda T ínfero-lateral, 4 (5,3%) exibiram ECOs anormais. Destes, um atleta tinha insuficiência aórtica grave, e os outros três apresentaram cardiomiopatia hipertrófica apical ou cardiomiopatia não compactada, todas identificadas pela RMC. Já entre outros quatro jogadores com inversão da onda T ínfero-lateral e ECOs normais, a RMC diagnosticou cardiomiopatia hipertrófica em dois casos, cardiomiopatia não compactada em um, e miocardite em outro. No Estudo 3, a hipertrofia do ventrículo esquerdo foi mais prevalente em negros (41,7%) do que em brancos (31,7%) ou pardos (34,1%). O padrão de repolarização precoce foi mais comum em atletas negros (48,2%) do que em atletas brancos (34,3%) ou pardos (40,5%). No entanto, os jogadores brancos apresentaram maior prevalência de bloqueio incompleto do ramo direito (15,3%) em comparação com jogadores pardos (11,4%) e negros (9,8%). Conclusões: A prevalência do padrão “Africano/Afro-Caribenho” em jogadores negros foi significativamente menor do que a descrita em atletas negros nas coortes internacionais. Na amostra total do estudo, a prevalência de ECG-12 anormal foi de 3%. A inversão da onda T ínfero-lateral foi associada a doenças identificadas pela RMC, mesmo quando o ECO era normal. Finalmente, atletas negros apresentaram maior prevalência de alterações descritas como fisiológicas no ECG-12, sendo estas induzidas pelo exercício intenso realizado em bases crônicas, em comparação com atletas brancos e pardos. |