"Quero ser um pai como a minha mãe” : produção de masculinidades e o programa bolsa família

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Mazzarotto, Rosilene
Orientador(a): Seffner, Fernando
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/189578
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo problematizar o lugar de sujeito que o Programa Bolsa Família desenha para os jovens beneficiários inseridos nele e como estes constroem suas masculinidades a partir dessas interpelações. Estudos Foucaultianos e Estudos de Gênero Pósestruturalistas foram utilizados para mostrar diferentes formas pelas quais tecnologias de governamento produzem e ensinam gênero no seu interior. O material empírico da dissertação foi produzido em trabalho de campo etnográfico, utilizando principalmente cenas do cotidiano e entrevistas semiestruturadas com 31 jovens beneficiários, estudantes de escolas públicas de Porto Alegre. Este material aliado a textos sobre o Programa Bolsa Família compuseram o corpus desta pesquisa, num processo de bricolagem. O material empírico foi organizado, analisado, e examinado utilizando-se dos conceitos de governamentalidade, gênero e pobreza. Este movimento analítico permitiu entender como a valorização de determinadas habilidades e competências pelo modelo neoliberal, que, na nossa cultura, estão ligadas à feminilidade, tornou-as interessantes aos olhos dos jovens homens entrevistados, a ponto de serem desejáveis. Porém, este movimento não significa uma valorização do feminino e sim um descolamento de determinados atributos da feminilidade. O discurso do Programa Bolsa Família, enquanto biopolítica, produz formas dos jovens se identificarem (ou não) como homens a partir do imperativo do trabalho e do sustento. Neste contexto, onde o trabalho é escasso, produz-se cada vez mais “homens endividados”. Foi possível perceber, também, que a permanência na escola por mais tempo contribui para um alargamento e prolongamento da juventude e que as vivências do espaço escolar possibilitam experiências e construção de projetos de vida. Foi possível identificar que o Programa Bolsa Família, da forma como está estruturado, favorece a heteronormatividade, dando pouca visibilidade a diferentes composições familiares no seu interior. Por fim, as análises permitiram delinear como se construíram os jovens homens desta amostragem e que efeitos o governamento teve sobre suas condutas.