| Resumo: |
O sistema agroalimentar e os modelos de produção e consumo são considerados como um dos mais poluentes e nocivos ao meio ambiente e que precisa ter seus padrões revisitados. Assim, estratégias de produção e consumo mais inteligentes, que são “recusar, repensar e reduzir”, a partir dos modelos da Economia Circular, estão sendo aplicadas ao sistema alimentar. Há uma discussão em curso na sociedade sobre como podemos tornar o consumo alimentar mais sustentável – e uma das formas de conseguir isso é reduzir o consumo de carne e substituí-la por fontes alternativas de proteína (AP). Quando se trata da substituição da carne por proteínas alternativas, que é uma das muitas opções para uma alimentação mais sustentável, o consumidor já pode escolher entre uma grande quantidade, como leguminosas, algas, insetos, alternativas à base de plantas e carnes cultivadas em laboratório. Estes são geralmente considerados mais saudáveis e ecológicos do que as proteínas tradicionais derivadas de animais. Apesar disso, estudos anteriores mostraram que a aceitação do consumidor ainda é muito baixa, tanto para carnes vegetais, carnes cultivadas ou proteínas à base de insetos. De forma a explorar e compreender melhor este fenómeno, esta tese de doutoramento teve como principal objetivo compreender o papel do enquadramento da informação e das normas sociais como estímulos para incentivar o consumo de proteínas alternativas no contexto de uma economia circular, bem como a atributos que podem influenciar esse consumo em diferentes momentos da vida. A compreensão de quais intervenções poderiam contribuir para aumentar essa aceitação pode enriquecer o campo. Esta pesquisa teve uma abordagem qualitativa, sendo do tipo exploratória. Os dados foram coletados por meio de 5 grupos focais e observações participantes, e analisados por meio da análise de conteúdo. Como evidência resultante deste estudo, destacam-se os seguintes pontos: (1) os nudges são importantes para promover os produtos AP, principalmente quebrando a automaticidade existente no consumo de carne, que é visto como algo natural, que os consumidores comentam não refletir sobre executar; (2) é necessário adequar a comunicação dos produtos AP, buscando não comunicar os produtos que reproduzem os atributos da carne, mas as formas alternativas de ingestão proteica; (3) apesar das muitas barreiras encontradas em relação ao consumo de APs, também existem direcionadores que podem ser mais explorados pela indústria, como o preço atual do animal e sabor x preço das APs. Esses aspectos são portas para abrir espaço para APs; (4) entre os APs existentes, a carne de laboratório gerou maior interesse e menos barreiras a serem enfrentadas. |
|---|
