Práticas alimentares, resistência cotidiana e a construção de novos mercados no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Strate, Mirian Fabiane Dickel
Orientador(a): Conterato, Marcelo Antonio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/187580
Resumo: Comer é mais que ingerir alimentos, compreende as relações pessoais, sociais, culturais, econômicas e políticas que estão envolvidas no ato de alimentar-se. Práticas alimentares são um patrimônio cultural, imbuídas de valor simbólico, de grupos sociais específicos, inseridos em seu território. Elas evoluem no tempo e conectam-se entre si, são responsáveis pela criação e manutenção de estratégias de trabalho e reciprocidade que visam dar continuidade ao modo de vida camponês. A agricultura familiar constitui a base do desenvolvimento econômico e social do Vale do Taquari. A diversidade cultural presente desde a ocupação do território e a heterogeneidade das práticas alimentares, contribuíram para a construção do conhecimento local acerca dos sistemas de produção, agroindustrialização, bem como para a construção da estrutura social, que tem no associativismo sua sustentação. A modernização estimulou a mercantilização da agricultura, a qual, resultou na consolidação de um mercado agroalimentar hegemônico, orientado pela escala e distanciamento entre agricultores e consumidores. A presente pesquisa teve como objetivo analisar como as práticas sociais ligadas à alimentação, como a produção agroecológica e agroindustrialização, enraizadas na cultura local, estimulam o movimento contra hegemônico, no Vale do Taquari, RS, contribuindo para a construção social de novos mercados e o para o desenvolvimento rural. A pesquisa aliou aspectos quantitativos e qualitativos, combinando a pesquisa bibliográfica, documental e a pesquisa de campo, realizando um estudo de caso com agricultores agroecologistas de Arroio do Meio e agroindústrias integradas ao Arranjo Produtivo Local -Agroindústria do Vale do Taquari (APL). A agricultura familiar contribui de maneira decisiva na produção de alimentos, já que representa 93,9% dos estabelecimentos e a população rural representa 26,42% da população total do território. O território possui 215 agroindústrias cadastradas na Secretaria de Desenvolvimento do Estado do RS e 40 propriedades com certificação orgânica, registradas no Ministério da Agricultura. Diante deste cenário, pode-se perceber a importância dos agricultores e mediadores sociais que estão redescobrindo antigas práticas de produção de alimentos, ressignificando e integrando-as a novos arranjos. Políticas públicas de apoio e fomento constituem estratégias que podem fortalecer a agricultura familiar, promovendo a construção e o acesso a novos mercados, a criação e o desenvolvimento de novos produtos, diversificando as atividades produtivas, agregando valor, promovendo novos arranjos sociais e estruturas de governança horizontalizadas. O associativismo e a integração entre as práticas, agroecológicas e de agroindustrialização, com o turismo, bem como a criação de selos de origem e identificação, podem acelerar o processo de transição, criando roteiros que valorizem a gastronomia local, associada à paisagem e ao ecoturismo. O associativismo, a integração entre os sistemas de governança (APL, AAVT, AMTURVALES), e a atuação dos mediadores sociais, é fundamental para a criação de estratégias que podem contribuir para a relocalização da produção de alimentos e a construção de um modelo de desenvolvimento rural sustentável para o território do Vale do Taquari.