O projeto educativo da nova direita brasileira : sujeitos, pautas e propostas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Lima, Paula Valim de
Orientador(a): Peroni, Vera Maria Vidal
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/218427
Resumo: O presente trabalho analisa o projeto educativo da nova direita brasileira, considerando o contexto do governo de Jair Messias Bolsonaro, os sujeitos que atuam na correlação de forças e os projetos educativos e societários por eles representados. Entendendo a nova direita como um grupo que, neste período particular, tem seus principais fundamentos ancorados nos ideários neoliberal e neoconservador, buscamos identificar seus pressupostos teóricos, políticos e ideológicos, verificando aproximações e diferenças entre eles, com vistas a compreender de que forma implicam sobre o contexto político, econômico, social e educacional brasileiro. Neoliberalismo e neoconservadorismo apresentam-se, neste contexto, como estratégias do capital para a superação de sua crise ao mesmo tempo em que se fortalecem com a própria crise, atuando na perspectiva da restauração do poder de classe. O mapeamento dos sujeitos da nova direita brasileira, realizado a partir de dados coletados principalmente por meio da internet (sites, blogs, canais e redes sociais), possibilitou a organização de uma rede que expressa as relações entre os diferentes sujeitos, aqui categorizados em cinco grupos principais: 1) o governo federal 2019-2022 propriamente dito, o que inclui análise da equipe ministerial mais influente no âmbito da política educacional e outros sujeitos de influência, ainda que externos ao governo; 2) o âmbito poder legislativo, em que se consideram as relações partidárias e o engajamento dos deputados federais da atual legislatura nas frentes parlamentares vinculadas às pautas prioritárias do governo federal sob influência do pensamento neoconservador e neoliberal; 3) os think tanks (centros de pensamento) de atuação nacional com articulação em nível global; 4) os movimentos políticos da nova direita e as entidades da sociedade civil que se articulam em torno de pautas a ela vinculadas; e 5) portais de comunicação e formadores de opinião com presença significativa na imprensa de grande circulação. Junto ao mapeamento dos sujeitos, buscou-se analisar manifestações e documentos por eles produzidos que permitem identificar os pressupostos educativos expressos por estes grupos e suas pautas centrais para a educação, verificando em que medida se aproximam às pautas do governo federal. A partir disso, foram localizadas duas grandes pautas que sintetizam as aspirações e os projetos educativos dos sujeitos aqui analisados: a guerra cultural, no sentido da disputa sobre os valores que atravessam o espaço escolar e a sociedade; e a privatização da educação, para além do que diz respeito à propriedade, mas enquanto projetos societários em relação. Em consonância com estas pautas, as principais propostas da nova direita para a educação, que avançam no contexto dos primeiros anos de Governo Bolsonaro, são construídas em torno de três propostas: o projeto Escola sem Partido e o combate ao marxismo cultural, a regulamentação do ensino domiciliar e a militarização das escolas. As três propostas têm implicações na redefinição dos sentidos do público, no impedimento da construção de valores democráticos e de coletivização e na imposição, de forma autoritária, dos pressupostos fundamentais à construção de seu projeto societário centrado no individualismo e na dissolução de laços de solidariedade social.