Discursos e práticas sociais em escolas de Canguçu – Rio Grande do Sul : articulações entre racialização e desenvolvimento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Finokiet, Manuela
Orientador(a): Radomsky, Guilherme Francisco Waterloo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/150530
Resumo: Esta tese analisa como os discursos e as práticas sociais específicas, que envolvem a racialização e o desenvolvimento/subdesenvolvimento, circulam, são apropriados e/ou ressignificados em espaços escolares no município de Canguçu, que faz parte da região que se convencionou chamar de “Metade Sul” do Rio Grande do Sul. Para isso, buscamos compreender de que maneiras os dispositivos que fazem circular essas ideias nas escolas são operacionalizados, como esses discursos se articulam às questões de racialização e quais os efeitos de realidade que daí emergem. Constatou-se que as ideias sobre atraso, estagnação e “subdesenvolvimento” da “Metade Sul” se consolidaram como “regimes de verdade”, principalmente a partir dos anos 1980-1990, ancoradas na constituição de uma subjetividade local dominante, qual seja, a do colono imigrante descendente de europeus brancos, estabelecendo uma correspondência necessária entre desenvolvimento e descendentes de imigrantes, que, no caso de Canguçu, são em geral alemães e pomeranos. Assim, muito embora esses discursos não abranjam a realidade, eles, ao mesmo tempo, a constroem, ou seja, geram efeitos como a racialização de grupos não incluídos entre esses predominantes nas escolas – como quilombolas, negras/os, Mbyás Guaranis, assentadas/os, mulheres –, evidenciando também uma desconexão entre os discursos político e acadêmico e os discursos e práticas do cotidiano local O olhar direcionado às escolas públicas permitiu identificar como ocorre a articulação entre desenvolvimento/subdesenvolvimento e a racialização de determinados grupos e, nesse sentido, a agricultura, vista aqui como um dispositivo, foi central, uma vez que possibilitou identificar que há uma correspondência que se estabeleceu entre a modernização da agricultura, o modo de produção “convencional” e a subjetividade dominante no cenário local, reforçada em diversas situações dentro e fora das escolas. Dessa forma, as escolas, como lugares de possibilidades, potencializam uma “guerra de baixa intensidade” entre quem faz parte da subjetividade dominante e quem não faz parte dela, por meio de um processo de disputas e lutas permanentes, por vezes, surpreendente, as quais evidenciam que há múltiplas formas de constituição de subjetividades em jogo que promovem uma crítica, sutil, ao poder e à hegemonia dos discursos e práticas sobre atraso e estagnação e as diferentes articulações raciais.