Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2002 |
Autor(a) principal: |
Freygang, Cristina Claumann |
Orientador(a): |
Freitas, Thales Renato Ochotorena de |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/78858
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Resumo: |
Os roedores fossoriais do gênero Ctenomys formam um grande grupo com 56 espécies, sendo os mamíferos dominantes da exploração do nicho subterrâneo neste continente. Apresentam grande variação cariotípica, com o número diplóide variando entre 10 em C. steinbachi a 70 em C. pearsoni. Dentre as espécies observadas no sul do Brasil, C. minutus é a que apresenta a distribuição mais ampla, ocorrendo desde o município de Jaguaruna, em Santa Catarina até São José do Norte no estado do Rio Grande do Sul. Sete números diplóides e oito citótipos eram descritos anteriormente para a espécie, sendo eles: 2n=42, 45, 46a, 46b, 47, 48, 49, 50a, apresentando, inclusive, zonas de hibridação entre 2n=46-48 e 2n=48 e 42. Com o objetivo de caracterizar, descrever e comparar os citótipos encontrados com os demais descritos para a espécie, analisando-os filogeneticamente, uma amostra de 51 espécimes de Ctenomys minutus Nehring,1887, foi coletada ao longo região da Planície Costeira do RS, entre os municípios de Tavares (31°23'S; 51°09'N) e São José do Norte (31°52'S; 51°54'N). Foram definidos cinco pontos de coleta ao longo da área de estudo, sendo os mesmos, distanciados cerca de 20km entre si. O material foi obtido a partir de medula óssea (FORD & HAMERTON, 1956) e analisado por meio das técnicas de coloração convencional, bandamento G (SEABRIGTH, 1971), bandamento C (SUMNER, 1972), NOR (HOWELL & BLACK 1980) e o material de meiose, segundo FORD & EVANS (1959). Para a realização da técnica de FISH, utilizou-se o kit de sondas “todos os telômeros humanos” (ONCOR). A homeologia dos caracteres entre os diversos citótipos foi estabelecida através de bandamento G e C e os caracteres foram definidos conforme MODI (1987) e ORTELLS (1995). Para a análise filogenética utilizou-se o método de “outgroup”, sendo escolhido C. lami como grupo externo, pois, segundo FREITAS (2001) mais antigo em relação a C. minutus A distribuição geográfica da espécie foi ampliada em cerca de 90km, passando o limite sul, do município de Tavares para o município de São José do Norte. Cinco números diplóides e três citótipos foram encontrados, 2n = 46b, 47b, 48b, 49b e 50b, sendo que, apenas 46b era descrito para a espécie. Em todos os citótipos estudados, o par sexual está representado, nos machos, por um cromossomo X submetacêntrico e um cromossomo Y acrocêntrico de tamanho similar ao braço longo de seu par e nas fêmeas, por um par X submetacêntrico. Comparando-se os padrões de bandas G dos cariótipos de C. minutus pode-se notar que 2n=50a, encontrado em Jaguaruna apresenta os cromossomos 20 e 17 e que esses estão fusionados na forma 2n=50b de São José do Norte. O par 2 está fissionado em 2n=50b, sendo que apresenta ainda uma inversão pericentromérica que o transforma em um metacêntrico. Os cromossomos 23 e 19 são mantidos entre as formas e o mesmo acontece entre os cromossomos 22, 24 e 16. Os citótipos 2n=48a e 2n=48b apresentam os mesmos cromossomos, com exceção do braço curto 2p de 2n=48b, que se apresenta na forma metacêntrica. No que se refere aos híbridos, 2n=47b difere de 2n=47a pelo par heterozigoto, formado pelos cromossomos 24 e 16 em 2n=47b e pelo par 2 em 2n=47a. Já em 2n=49a e 2n=49b a diferença não está no par heterozigoto, formado pelos cromossomos 23 e 19, mas sim, no par 2, que encontra-se fusionado em 2n=49a e fissionado com inversão em 2n=49b e nos cromossomos 20 e 17, que encontram-se fissionados em 2n=49a e fusionados em 2n=49b Pouca quantidade de heterocromatina constitutiva foi encontrada no bandamento C dos três citótipos analisados. Somente três autossomos apresentaram um bloco de heterocromatina constitutiva, que ocupou todo o braço curto em 48b e 50b e apenas um autossomo em 46b. Também o cromossomo Y nos machos, independente de seu citótipo, é totalmente positivo. Em relação a NOR, todos os citótipos analisados apresentaram marcação na constrição secundária do braço longo do par marcador. No que se refere à meiose, a aparente ausência de trivalentes em ambos os heterozigotos, aliada ao fato de que, em algumas diacineses, em vez da presença do número esperado de bivalentes mais o trivalente, observar-se um cromossomo a mais, pode indicar a presença de um univalente. A seqüência telomérica foi observada em todas as extremidades dos cromossomos. Não foram observadas bandas teloméricas etópicas em 2n=50b. Em 2n=46b e 48b, a desnaturação das metáfases não possibilitou a análise. Para a análise filogenética, apenas cinco caracteres puderam ser analisados. A árvore de consenso separou os citótipos em três grupos: o mais basal representado apenas por 50a, outro por 46a, 48a e 42 e o terceiro, possuindo as características mais apomórficas, representado por 46b, 48b e 50b. O índice de consistência obtido foi de 0.71 e o índice de retenção foi de 0.75. O caracter 01 (fusão 20/17) foi o principal responsável pela separação de 50a do restante dos citótipos. A formação do grupo basal pode ser explicada pela presença do Rio Araranguá, que atuaria como uma barreira geográfica. Quanto à separação dos outros dois grupos, duas hipóteses puderam ser formuladas. Uma, explicada por fatores extrínsecos e outra por fatores intrínsecos. Como nenhuma barreira geográfica que explique a separação foi encontrada, a explicação alternativa é que os dois rearranjos 02 e 05, que dão suporte a um dos grupos, poderiam ser responsáveis pelo surgimento de uma barreira reprodutiva. Para testar essas duas hipóteses, contudo, mais estudos devem ser realizados. Os achados indicam também a existência de duas novas zonas híbridas para a espécie, com, pelo menos uma delas, resultante de um contato secundário, após regressão do nível do mar e fechamento da ligação existente entre a lagoa dos Patos e o oceano, na feição atualmente denominada de Barra Falsa, na localidade de Bojuru, à cerca de 2.300 anos. Mais coletas devem ser realizadas para confirmar a existência desta zona. |