O "nhenhenhém gramatical" como entrave ao letramento nas séries iniciais do ensino fundamental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Souza, Hulda Cyrelli de
Orientador(a): Guedes, Paulo Coimbra
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/13135
Resumo: Pelo presente trabalho, busca-se analisar as razões pelas quais as crianças das séries iniciais do Ensino Fundamental, apesar de escolarizadas, não alcançam o letramento, termo entendido como competências e habilidades para o uso da linguagem escrita no entorno social. Ao comparar-se o fazer pedagógico de professores e a bibliografia que defende o processo ensino-aprendizagem da língua materna, no contexto social, nota-se uma dicotomia entre prática e teoria. Enquanto esta aponta para um ensino baseado no trinômio uso → reflexão → uso, de modo que a variedade lingüística do aluno seja, não só respeitada, mas tomada como ponto de partida para as reflexões epilingüísticas, rumo à variedade culta, a prática revela um fazer pedagógico que não leva em conta a linguagem do aluno, e que elege, como ponto de partida e de chegada, a gramática normativa, prática que pode estar referendada pela concepção de que é, pela via da mesma, que se aprende língua ou porque os professores aprenderam assim ou, ainda, porque eles não sabem como romper com a prática tradicional. A análise revela uma escola preocupada com a decodificação, na leitura, responsável por entravar a compreensão do texto, já que trabalhado com vistas à leitura oral (como prova de que o aluno sabe ler) ou com vistas a uma pretensa interpretação, através de questões que privilegiam o conteúdo, o explícito ou, ainda, com vistas ao trabalho com questões subjetivas que não conduzem à leitura do implícito. No que diz respeito à escrita, a escola revela preocupar-se com a codificação, entendida como reprodução, de modo que, ao aluno, não resta outra saída que não a de realizar exercícios de língua, pela via da metalinguagem, ou na forma esporádica de redação, sem que se assuma como sujeito de suas idéias, tendo em vista um interlocutor de fato. Portanto, a escola, que deveria ser a instituição social responsável pelo ensino da linguagem escrita, falha nessa responsabilidade, por valorizar a gramaticalização em detrimento do letrar – passaporte para o exercício da cidadania.