A questão das aldeias comunais em Moçambique : a integração das famílias camponesas na Aldeia Comunal de Ximbongweni em Guijá, Província de Gaza (1977-1990)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Matine, Manuel Henriques
Orientador(a): Macedo, José Rivair
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/231611
Resumo: A presente tese objetiva analisar o processo de integração das famílias camponesas na Aldeia Comunal de Ximbongweni, 1977-1990. A aldeia de Ximbongweni faz parte de sete (7) aldeias comunais formadas na região agrária do vale do Limpopo, concretamente no Distrito do Guijá, imediatamente após os seguintes eventos: a) político – III Congresso da Frelimo – e b) natural – cheias no vale –, ocorridos, em fevereiro de 1977. Para tanto, partimos da constatação de que, as cheias foram o pretexto político para a formação da aldeia de Ximbongweni, em seguimento da socialização do campo, baseada no “roteiro da libertação”. Defendemos a hipótese segundo a qual, o processo da integração foi complexo, não somente devido ao legado das cheias e nem ao desconhecimento da essência do programa da aldeia, porém, pelo “despreparo” das estruturas políticas em Guijá que, quer seus argumentos às inquietações socioculturais das famílias, como sobre os desdobramentos do programa, foram dúbios. Para a realização deste objetivo; avaliação da viabilidade do problema de pesquisa e sanção/negação da hipótese, tomamos o campesinato, como sujeito e não mero objeto. Por conseguinte, metodologicamente baseamo-nos na História oral, que proporcionou-nos as ferramentas teóricas para a realização da pesquisa de campo, que decorreu no Posto Administrativo de Chivonguene, “antiga” Aldeia Comunal de Ximbongweni. A partir do cruzamento das fontes orais com bibliográficas e documentais, problematizamos as seguintes temáticas: (i) região de Ximbongweni, Ca. 1820-1975; (ii) gênese da aldeia comunal; (iii) povoamento da aldeia; (iv) cotidiano das famílias aldeadas e (v) colapso da aldeia. Ao que, concluímos: o campesinato baseando-se em “profecias” tradicionais duvidara completamente, da “utopia” do desenvolvimento centrado na aldeia, por isso resistiu em aldear-se. Enquanto o Estado recorria a todas suas formas de violência, o campesinato apelava para todas suas formas de resistência, desde o enfretamento – “a revolta de Ximbongweni” –, à “resistência cotidiana” – cujos exemplos captamos em várias práticas tradicionais reproduzidas no pós-integração, sob olhar impávido da Direção da aldeia. As nuances da “profecia” e “utopia”, possibilitaram-nos mobilizar o conceito de “afrotopia” por defender ser possível, quanto necessário, a formação de comunidades/sociedades baseada em diálogos e cedências entre distintas ou divergentes ordens do saberes “tradicionais” e conhecimentos “modernos”.