Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Leal, Fábio Antônio Dias |
Orientador(a): |
Rosenfield, Kathrin Holzermayr Lerrer |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Palavras-chave em Espanhol: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/246538
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Resumo: |
Este ensaio busca analisar a ocorrência de enigmas literários na obra do escritor mineiro, João Guimarães Rosa, e sugere que tais ocorrências cumprem um papel estruturante na obra do autor. Examina a natureza lúdica dos enigmas literários, segundo a concepção de Johan Huizinga, e propõe uma revisão da hierarquização, estabelecida pelo autor, que subordinaria os enigmas e a poesia ao jogo. À sequência, analisa a poética de Guimarães Rosa como expressão da estética barroca, conforme sugerem Sant’Anna e Benjamin, e aproxima diversos expedientes literários próprios do autor dos elementos caracterizadores do Barroco. Apresenta-se então o primeiro esboço de um estatuto do enigma literário, embasado pela incursão de Heidegger pelas origens do pensamento ocidental, e aponta-se o conto “A terceira margem do rio” como paradigma do enigma literário. Propõe-se, por conseguinte, o trabalho à investigação do enigma a partir das perspectivas específicas de cinco elementos recorrentes na obra de Guimarães Rosa, a saber, o espelho, a individuação, o amor, a linguagem e o salto. Apresentam-se, assim, ocorrências de espelhamentos constitutivos da obra do autor, que se submetem ao pensamento de Goethe, Sant’Anna, Umberto Eco e Deleuze. Apresenta-se então uma descrição do esquema constitutivo do espelho enquanto enigma literário e aventa-se a possibilidade de que o conto “O espelho”, de Primeiras Estórias articule uma ligação entre o livro que o contém e Tutaméia: Terceiras estórias. Investigam-se as representações da individuação, como expressas na obra literária de Guimarães Rosa, com base nas concepções de Buber, Heidegger e Paz, com vistas a demonstrar como a constituição da identidade do Eu, na obra do autor, se mostra fluida e mesmo contraditória. Apresentam-se ainda os índices da identidade do autor ocultas como enigmas em seu texto e sugere-se, por meio de um exame da noção de alteridade, serem os ocultamentos características próprias do Eu em sua constituição íntima. Investigam-se, à sequência, os enigmas relacionados às múltiplas concepções do amor na obra do autor, partindo da noção de recolhimento, como concebida por Heidegger, e passando pelos ciframentos da palavra amor na obra de Rosa, pelas referências à busca de um retorno a uma idealização do feminino e ainda pelas referências eróticas de teor jocoso que o autor ocultou em seu texto, para se chegar, por fim, à abordagem do grande enigma de Riobaldo, o seu amor por Diadorim. Empreende-se então uma análise do mecanismo linguístico dos enigmas literários, que revela afinidades constitutivas com o ordenamento da adivinha, como descrito por Andre Jolles. Analisa-se o enigma de base linguística sob a perspectiva do jogo e sugere-se, por meio do pensamento de Gregory Nagy, uma alternativa ao arranjo proposto por Huizinga. Sugere-se então ser o pensamento o movimento do espírito provocado pelo enigma de base linguística, que fomenta associações entre elementos e categorias descontínuos para a almejada produção de sentido. Diante das descontinuidades, sensíveis e simbólicas, apresenta-se o salto como alternativa de travessia e discorre-se, então, sobre a concepção de uma estética da descontinuidade ou, ainda, uma estética do nada; revelam-se também as ocorrências de pulos e cambalhotas assinalados sob aparência despretensiosa no texto de Guimarães Rosa, além de imagens recorrentes do sublime, como recurso diante das descontinuidades fatais da existência, e concebe-se o salto - movimento do espírito – como via de ascensão do sujeito. Conclui-se, ao final, que o enigma literário compreende influxos de atravessamento de fronteiras identitárias e representa, ele próprio, uma convergência para o que se pode entender como um grande enigma geral da existência, de forma que, por fim, tudo deságua em um homem consciente de sua própria finitude e da brevidade de sua existência. |