Pra que mexer nisso? : suicídio e sofrimento social no meio rural

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Werlang, Rosangela
Orientador(a): Mendes, Jussara Maria Rosa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/77921
Resumo: Esta tese trata da questão do suicídio na sua articulação com as transformações ocorridas no meio rural por meio do avanço capitalista no campo. Tal avanço, por sua vez, é considerado como potencialmente gerador de sofrimento social, causador de processos de autoexclusão, levando ao suicídio. Neste sentido, como problema de pesquisa, questionou-se: o suicídio pode constituir-se em expressão do sofrimento social causado pelas transformações ocorridas no campo nos últimos anos, em decorrência dos processos de desenvolvimento capitalista? Assim, o objetivo deste estudo foi o de verificar se as transformações sociais e econômicas no meio rural poderiam estar gerando situações de precariedade acentuada, conduzindo à prática suicida. Como procedimento metodológico utilizou-se a triangulação metodológica, tanto no que condiz à coleta de dados quanto à sua análise. Os dados foram coletados junto ao Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde do Brasil (SIM/DATASUS), através dos Inquéritos Policiais abertos por ocasião da morte por suicídio e, por fim, por meio da necropsia verbal. Para a análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva, por meio da análise de distribuição de frequência, a hermenêutica-dialética e a história de vida. O avanço dos modelos de desenvolvimento econômico e a incitação econômica a que os pequenos agricultores foram expostos nos últimos anos têm se refletido sobre seus modos de vida. Assim, novas formas de trabalho emergem no campo, seja através da pluriatividade, seja através da integração com a indústria. O rural cada vez menos é sinônimo de agrícola e, neste sentido, o cenário instaurado é de precariedade. Tal precariedade, por sua vez, tem gerado a perda dos objetos sociais que produzem sofrimento: sofrimento que permite viver, sofrimento que impede de viver e sofrimento que impede de sofrer o próprio sofrimento. Estas duas últimas dimensões do sofrimento são potencialmente causadoras de processos de autoexclusão e de autoalienação que acabam, não raras vezes, produzindo o suicídio ou produzindo sociopatologias cuja procedência encontra-se no cerne do próprio avanço capitalista no meio rural. Como conclusão tem-se que o meio rural cada vez mais se torna “desruralizado”, devido à presença de elementos urbanos que adentram em seu território. Tal processo de avanço capitalista, potencializado pelas indústrias que adentram no campo, traz novas formas de trabalho que, pouco a pouco, vão descaracterizando o campo como local agrícola, vinculado à produção de alimentos, assalariando e precarizando as relações de trabalho. Assim, são gerados processos de sofrimento social que acabam produzindo a depressão e o suicídio como sua manifestação mais pujante. Tais suicídios têm marcado a vida rural, expressando, de maneira indelével, que o meio rural tem se tornado deletério, espaço propício à instalação da morte.