Comunicação organizacional e cultura no batuque gaúcho: a oralidade no comunicacional batuqueiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva Neto, Sérgio Gabriel Fajardo da
Orientador(a): Baldissera, Rudimar
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/235387
Resumo: Partindo do pressuposto de que os processos de comunicação organizacional, amplamente orais, são conformadores da cultura organizacional das organizações/terreiros, bem como da cultura batuqueira como um todo, esta dissertação tem como tema a oralidade no comunicacional batuqueiro. Nessa perspectiva, o objetivo geral da pesquisa é o de “compreender como a oralidade se materializa para a conformação, manutenção e/ou transformação da cultura organizacional de terreiros do Batuque Gaúcho”. Além disso, como objetivos específicos temos: a) averiguar como a oralidade na cultura organizacional do Batuque Gaúcho é percebida por dirigentes dos terreiros batuqueiros; b) evidenciar os papéis que a oralidade cumpre na experiência cultural dos batuqueiros e suas implicações organizacionais; c) verificar as significações do rito de axé de fala como processo comunicacional, considerando sua centralidade para a oralidade batuqueira; e d) compreender como o rito de “axé de fala” é empregado para instituir e legitimar distinção nas organizações do Batuque Gaúcho. Nos pressupostos teóricos, como lente da pesquisa, mobilizamos alguns dos fundamentos do Interacionismo Simbólico (MEAD, 1972; BLUMER, 1980; FRANÇA, 2007), complementados pela noção de poder (BOURDIEU, 1989). Também realizamos revisão bibliográfica sobre fundamentos do Batuque Gaúcho, suas organizações/terreiros (CORRÊA, 1991 e 2016; SILVEIRA, 2020: ORO, 1988 e 2002; SIMAS; RUFINO, 2018; RUFINO, 2019; TADVALD, 2016; SODRÉ, 2017; dentre outros), e, pela sua centralidade na oralidade da cultura batuqueira, sobre o rito de “axé de fala” como processo comunicacional (RIVIÈRE, 1996; BOURDIEU, 2008). Em relação às noções de cultura e comunicação organizacional nos baseamos, fundamentalmente, nas teorizações de Baldissera (2004, 2007, 2009; dentre outros). De caráter qualitativo, para esta pesquisa realizamos 07 entrevistas semiestruturadas com líderes de organizações/terreiros que cultuam diferentes nações/lados do Batuque Gaúcho. A técnica empregada para estudar os dados de campo foi a Análise de Conteúdo (BARDIN, 2016). Como principais resultados, o estudo evidenciou que a oralidade cumpre papéis centrais nos processos: a) instituidor de poder; b) sacralizador da organização/terreiro e mantenedor do comum tradicional das diferentes nações/lados; c) da prática em presença; d) de memória do grupo portando poucos registros outros; e e) de dizer sobre as organizações/terreiros. Por sua vez, em relação às significações do rito de “axé de fala”, foi possível compreendermos que ele se materializa como processo comunicacional: a) gerador de mudança de estatuto simbólico e objetivo do Orixá; b) instituidor e legitimador do “poder falar” do Orixá; c) proporcionador de reconhecimento público e sacralizador da organização/terreiro; e d) regulamentador de desvios e preservador da tradição/comunidade batuqueira. Além disso, por meio dos dados empíricos, confirmamos que essas categorias e subcategorias podem ser verificadas em organizações/terreiros de diferentes nações/lados.