Paisagens lacustres e práticas turísticas: “com os pés na água” ou “de costas para a água”? O caso da Laguna dos Patos, Rio Grande do Sul, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Rudzewicz, Laura
Orientador(a): Castrogiovanni, Antônio Carlos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/183155
Resumo: Esta tese aborda as interações entre os temas paisagem, água e Turismo. A partir da abordagem geográfica, considera-se as complexidades inerentes ao fenômeno turístico, conjugando interdependências globais, heterogeneidade de sujeitos e diversidade de práticas, na busca pela compreensão da natureza e evolução dos locais turísticos e da sua integração com outras funções e mobilidades nos territórios. O vasto arcabouço simbólico e de usos sociais relacionados à água são retomados com o intuito de revelar as relações das sociedades com os espaços geográficos onde o componente hídrico, sob distintas formas e manifestações, desempenha um papel importante. O objetivo geral é analisar as percepções, representações e práticas que emergem nessa relação das sociedades contemporâneas com as paisagens de água, sob o prisma do Turismo. Sendo o campo de investigação a Laguna dos Patos, Rio Grande do Sul, Brasil, são as paisagens lacustres que são tomadas como foco desse trabalho, sob o recorte espacial de quatro municípios – São Lourenço do Sul, Pelotas, Rio Grande e São José do Norte – entre outubro de 2016 e março de 2018. Ao compreender a paisagem como um processo de mediação sociocultural dos indivíduos e sociedades com o espaço geográfico, parte-se dos conhecimentos e das práticas dos sujeitos, a partir de suas narrativas de experiências junto às paisagens lacustres e relacionadas ao Turismo. Nessa perspectiva, emerge o problema da pesquisa: de que forma o Turismo se relaciona com as paisagens lacustres? Para tanto, objetiva-se interrogar os sentidos e valores atribuídos a essas paisagens, e conhecer o cenário atual das práticas, espaços e dinâmicas turísticas nessas localidades. Ainda, busca-se discutir as expectativas e potencialidades, as tensões e limitações na interação entre paisagens lacustres e Turismo, trazendo proposições de ação nesses encontros, em especial no campo em estudo. O Paradigma da Complexidade de Edgar Morin e as aproximações interdisciplinares entre a Geografia e o Turismo sustentam a presente iniciativa de interpretar as paisagens lacustres em suas múltiplas dimensões e funcionalidades, pautando-se na adoção de instrumentos de pesquisa qualitativos como a entrevista-episódica e a observação não participante. As leituras das paisagens lacustres associam-se ao tema do patrimônio, desvelando múltiplos sentidos e valores atribuídos pelos sujeitos à Laguna dos Patos, onde a água assume papel articulador na relação dessas sociedades com o espaço geográfico. A inserção do Turismo em um continuum re-criativo e de múltiplas mobilidades que caracterizam a sociedade contemporânea global são manifestadas na escala local e regional, por meio de múltiplas (re)conexões entre práticas turísticas e não turísticas, nas mutações das dinâmicas e funções dos espaços e na articulação dos sujeitos do Turismo. Ao revelar as diversidades e identidades das paisagens lacustres, sob múltiplos pontos de vista, emergem conhecimentos aprofundados sobre esses territórios e suas transformações espaciais e temporais, contribuindo com a tomada de consciência e com a (re)valorização do patrimônio paisagístico e suas possibilidades de (re)interpretação pelo Turismo. Novas formas de relações das sociedades contemporâneas com as paisagens lacustres são desveladas ao se questionar as diferentes formas de apropriação e uso das margens lacustres pela função turística. Uma teia de desafios emerge como condição às apropriações turísticas das paisagens lacustres, como as questões relacionadas à qualidade das águas e dos ecossistemas associados, à acessibilidade e à visibilidade das paisagens, e à democratização das práticas e dos usos dos espaços.